Patrões aplaudem discurso de Cavaco e sindicatos mais reticentes - TVI

Patrões aplaudem discurso de Cavaco e sindicatos mais reticentes

  • Sónia Peres Pinto
  • 2 jan 2007, 18:33
Cavaco Silva - Foto de António Cotrim para Lusa

A Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) mostram um maior optimismo em relação ao discurso de Ano Novo do presidente da República que apela ao desenvolvimento económico, educação e justiça. Mais reticentes estão os sindicatos contactados pela «Agência Financeira», a Sintap e a Frente Comum.

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«São três temas muito importantes e que têm estado na agenda da CIP nos últimos tempos» afirma o vice-presidente da confederação, Paulo Nunes de Almeida. «O país está a crescer a um ritmo inferior à média europeia e está a afastar-se cada vez mais dos níveis de desenvolvimento que desejávamos e isso é reconhecido pelo presidente da República», acrescenta o responsável.

«Este é um discurso para todos. Para os empresários que têm de ser cada vez mais e melhores empreendedores, para os trabalhadores que têm de produzir cada vez mais e melhor e para a classe política que precisa de criar um ambiente que seja amigo ao investimento e ao desenvolvimento», refere ainda Paulo Nunes de Almeida.

Para o vice-presidente da CIP, o ano de 2007 tem de ser «um ano de realizações e de resultados. Não podermos continuar a adiar reformas que são fundamentais para o país. Portugal tem de deixar de ser um país de diagnósticos e de intenções para passar a ser um país de realizações e de resultados».

Também para a Associação Industrial Portuguesa (AIP) a mensagem de Ano Novo vai ao encontro do que tem vindo a ser defendido pela associação na sua «Carta Magna da Competitividade». De acordo com a entidade liderada por Rocha de Matos, «Portugal tem uma enorme necessidade de retomar taxas de crescimento superiores às da generalidade dos países da União Europeia. Tal só será possível através de um maior crescimento das exportações, o que, como diz o Presidente da República, pressupõe uma maior aposta dos empresários na inovação, na qualidade e no aumento da produtividade».

No entanto, a AIP alerta que, «para que esse crescimento económico seja significativo, o Estado precisa de tomar medidas políticas que contribuam para o aumento da competitividade da economia portuguesa». Rocha de Matos alerta então para a necessidade de optar pela redução das despesas públicas e por uma política fiscal competitiva que incentive o investimento, quer nacional quer estrangeiro.

Sindicatos menos optimistas

Apesar de reconhecerem a importância das prioridades de Cavaco Silva, os sindicatos contactados pela «Agência Financeira» mostram-se mais reticentes. Para Nobre dos Santos do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) «é um discurso positivo, pois é fundamental o uso eficiente dos recursos do Estado e sua transparência, assim como o equilíbrio das contas públicas».

Para 2007, a Sintap defende a negociação e a consolidação para o desenvolvimento da futura reforma da administração pública. «É necessário que haja uma participação efectiva dos sindicatos. Estes não podem ser considerados uma força de bloqueio e a reforma tem de ser feita com a participação dos trabalhadores», acrescenta o sindicalista.

Uma outra questão que preocupa Nobre dos Santos é o quadro dos supranumerários. Para este é necessário que sejam estabelecidos critérios objectivos que permitam dizer porque é que determinado funcionário vai para o quadro. «É o que está a acontecer com o ministério da Agricultura que conta actualmente com 280 nos quadros e que temos uma ameaça de mais 3500».

Também para Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum «não basta fazer um discurso de boas intenções».

De acordo com a mesma, «nada indica que 2007 vai ser melhor do que anos anteriores» e poderá mesmo piorar se «o Governo tiver a intenção de avançar com as políticas que estão em cima da mesa. Vai ser um mau ano para todos os portugueses, o nível de vida da função pública vai ser pior e isso irá reflectir-se nos restantes trabalhadores».
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