Entrevista: Leasing entra em abrandamento e sem sinais de recuperação - TVI

Entrevista: Leasing entra em abrandamento e sem sinais de recuperação

  • Sónia Peres Pinto
  • 16 set 2008, 06:15
ALF

Beja Amaro diz que as empresas não têm libertação de fundos para comprar com capitais próprios

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Após um 2007 muito bom, a actividade de leasing registou, este primeiro semestre, um abrandamento da procura. Em entrevista à «Agência Financeira», o presidente da Associação Portuguesa de Leasing e Factoring (ALF), Beja Amaro, salienta ainda que os primeiros meses do próximo ano não serão brilhantes, embora acredite que esta é uma forma de financiamento vantajosa para as empresas.

Que balanço faz da actividade do 1º semestre?

Há claramente um abrandamento quando comparado com a actividade no ano passado. Não só em relação ao semestre, como em relação ao final do ano. Nessa altura, tivemos um crescimento no sector do leasing de cerca de 21%, mais ou menos distribuído pelos dois segmentos, o do mobiliário e o do imobiliário. Nos primeiros seis meses do ano estamos com valores diferentes, no mobiliário assistimos a um crescimentos na ordem dos 12% e no imobiliário verifica-se um decréscimo. O sector imobiliário está a sentir os efeitos da crise. Mas não nos podemos esquecer que 2007 foi um ano muito bom.

A que é que se deveu este grande crescimento no passado?

Em anos anteriores, houve muito poucas decisões de investimento. Além disso, as perspectivas de economia em 2006 e princípios de 2007 eram muito diferentes das actuais. Por exemplo, no sector das obras públicas, as empresas chegaram à conclusão de que precisavam de fazer investimentos se não a produtividade baixava mais. Assistiu-se assim a uma grande substituição de equipamentos antigos por outros mais recentes. Talvez por isso não se esteja a investir em novos equipamentos. Um computador tem hoje, no mínimo um tempo de vida de 3 anos, não são investimentos que estão a ser feitos permanentemente. Mesmo o tempo de vida de uma viatura pesada é de 10 anos.

Espera uma recuperação até ao final do ano?

Não é provável, sente-se que há uma certa estagnação da procura.

Último trimestre é a altura de investir

As empresas estão a adiar a decisão de investir¿

Sim, tanto que as empresas não estão a comprar directamente, recorrendo quer através da sua tesouraria, quer através do financiamento bancário. Aliás, na banca estamos a assistir a algumas restrições na concessão de crédito. Não me parece que hoje as empresas portuguesas, na sua generalidade, tenham uma libertação de fundos que lhes permita comprar equipamentos ou imóveis com capitais próprios. Se optarem pelo leasing esse investimento tem retorno dentro de dois, três ou quatro anos, consoante o tipo de equipamento.

Prevê uma recuperação para 2009

Há comportamentos interessantes na economia empresarial. Há sectores a fazer grandes investimentos, através do leasing e há outros que estão a abrandar as suas intenções de investimento. É um pouco difícil dizer o que vai acontecer, mas acredito que o primeiro semestre não vai ser brilhante. Normalmente os meses de Outubro, Novembro e Dezembro são os melhores em temos de «leasing», já os piores são os de Janeiro, Fevereiro e Março.

No último trimestre , altura em que as empresas estão em fase de elaboração de orçamentos, são tomadas mais decisões?

Sim, as pessoas vêm de férias, vêm mais calmas, inicia-se a fase de orçamentação. Além disso, já existem 9 meses de sensibilidade da actividade da própria empresa. É a altura normal de investir.
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