Economistas duvidam de recuperação económica em 2007 - TVI

Economistas duvidam de recuperação económica em 2007

  • Sónia Peres Pinto
  • 7 dez 2006, 20:31
Euros

Apesar do crescimento de 1,5 por cento da economia portuguesa anunciado esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no 3º trimestre do ano, os economistas contactados pela «Agência Financeira» mostram-se pouco optimistas em relação a uma verdadeira recuperação para o próximo ano.

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Para o economista António Nogueira Leite, estes dados vêm «mais uma vez revelar que estamos a assistir a uma lenta recuperação do cenário económico». Para este, se Portugal conseguir manter o actual nível de exportações irá «no máximo, conseguir manter o ritmo de crescimento que estamos a verificar neste momento», e que está longe do potencial.

Também para o economista João César das Neves, estes números «não são muito diferentes do que se estava a prever. As exportações cresceram mas o investimento continua muito aquém do desejado».

O economista não acredita, no entanto, que iremos assistir em breve a uma retoma do investimento, uma vez que, para César das Neves trata-se de um dos elementos económicos mais sensíveis, ou seja, «cai quando a economia cai e quando sobe a economia, ele também sobe muito. É impossível aumentar os níveis de investimento enquanto a situação não melhorar», alerta.

César das Neves garante que 2007 não vai com certeza ser um ano de crescimento mas também não vai ser um ano de queda. «Vamos assistir a um crescimento que não é extraordinário mas também não é mau. É uma economia que está empatada, não arranca para um crescimento a sério mas também não está a cair».

Queda do investimento é o aspecto mais negativo

Para o ex-secretário de Estado das Finanças e do Tesouro do PSD, José Tavares Moreira, o crescimento de 1,5 por cento da economia portuguesa neste 3º trimestre «não revela grandes surpresas. É fraquinho mas está dentro do previsto», refere.

O ex-governador do Banco de Portugal alerta, no entanto, para o actual nível de investimento que sofreu uma quebra de 2% neste terceiro trimestre, o que considera ser «o aspecto mais negativo desta evolução recente da economia portuguesa. Temos de ter mais investimento», garante.

Tavares Moreira mostra-se, no entanto, com algumas dúvidas em relação a 2007. Para o ex-governador do Banco de Portugal «é difícil esperar por uma aceleração no próximo ano». Para este «esta pequena recuperação económica é induzida pelos parceiros comerciais e se esse dinamismo comercial afrouxar em 2007 tal como se prevê é óbvio que não podemos esperar melhores resultados do que em 2006».

Risco cambial é elevado

Apesar de reconhecer como positivo o aumento das exportações portuguesas neste terceiro trimestre, Filipe Garcia, economista do IMF, aguarda «com alguma apreensão o impacto que a subida do euro poderá vir a ter no sector exportador, o que irá obrigar as empresas a defenderem-se e a cobrir esse risco».

O economista, perante esta questão cambial, considera que é bem possível assistir a uma desaceleração do sector exportador. «Este quer directa, quer indirectamente, está sempre em risco pela via da taxa de câmbio», alerta.
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