Concorrência aprova hoje OPA da Sonaecom à PT

A entidade liderada por Abel Mateus deverá dar luz verde à operação, que se arrasta há já quase dez meses. O processo sofreu vários atrasos, provocados sobretudo por pedidos de esclarecimento por parte do regulador à Sonaecom.

A decisão final não deverá surpreender ninguém, sendo que as condições impostas ao avanço da operação são já conhecidos desde que foi emitido o primeiro projecto de decisão pela AdC. Para levar a OPA por diante, a Sonaecom terá de se desfazer de uma das redes fixas da PT (cobre ou cabo) e, nas comunicações, terá de separar as redes grossista e retalhista. Na área móvel, ao fundir Optimus e TMN, terá de criar condições à entrada de um terceiro operador móvel no mercado, bem como facilitar a entrada de operadores móveis virtuais.

A forma como a AdC conduziu o processo mereceu fortes críticas por parte da PT, Vodafone, da Anacom, que não vê acomodados todos os remédios por si sugeridos, e até de especialistas internacionais, pelo que, com a decisão final de hoje, Abel Mateus «vê-se também livre» de um do mais polémico dossier que já teve entre mãos.

Depois de conhecida a decisão, a Sonaecom espera que o Governo se pronuncie sobre o que pretende fazer acerca da golden share que detém na PT, antes de proceder ao registo da Oferta junto da CMVM.

O mercado espera, entretanto, que a Sonaecom venha a subir o preço da oferta (que é, recorde-se, de 9,50 euros por acção), para conseguir convencer os accionistas da PT a venderem as suas acções. Desde o início do processo, a PT reuniu vários pequenos accionistas que deverão ficar do lado da Administração, contra a OPA. O seu principal accionista privado, o BES, também não se tem mostrado muito inclinado a vender, pelo menos ao preço oferecido pela Sonaecom.