Governo admite instalar co-incineração noutros locais - TVI

Governo admite instalar co-incineração noutros locais

Poluição do ar [arquivo]

O Ministério do Ambiente admite instalar a co-incineração de resíduos industriais perigosos noutros locais além de Souselas e do Outão, indicados há quatro anos pela Comissão Científica Independente (CCI), noticia hoje o jornal «Público».

Joaquim Calé, assessor de imprensa do Ministério do Ambiente, disse ao Público que o local a instalar o sistema de co-incineração pode ser em «Souselas, na Arrábida (Outão), ou noutra cimenteira qualquer desde que se cumpram os requisitos».

No entanto, o assessor remeteu a definição dos locais para um estudo encomendado aos membros da anterior CCI e que se prevê estar concluído no final do ano.

Só depois de analisado o estudo é que o Governo tomará uma decisão final, acrescentou.

Quanto à possibilidade de os pressupostos que levaram à escolha de Outão e Souselas continuarem a ser válidos actualmente, o responsável recordou dois aspectos que alteram o panorama actual.

Por um lado, em Abril deste ano foi transposta para o direito português a directiva europeia 2000/76/CE que não foi levada em linha de conta há quatro anos.

Trata-se, escreve o Público, de um diploma que regula os pré- requisitos a que uma cimenteira deve obedecer a fim de acolher a co- incineração.

Por outro lado, tal como ficou decidido pelo anterior Governo PSD-CDS/PP, serão construídos, em 2007, dois centros de tratamento de resíduos (CIRVER).

De acordo com o jornal, os dois centros irão funcionar em paralelo com a co-incineração, prevendo-se inclusivamente que esta última solução apenas elimine 15 por cento das 254 mil toneladas de resíduos industriais perigosos produzidas anualmente em Portugal.

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos de Sousa, disse ao Público que vê a posição do actual Ministério do Ambiente como «uma mudança» na estratégia do Governo.

«Não sei se para desviar as atenções ou não», considerou Carlos de Sousa.

Também João Pardal, eleito nas últimas eleições autárquicas presidente da Junta de Freguesia de Souselas e conhecido por ter liderado a luta contra a co-incineração, desconfia da posição do ministério.

«Isto não passa de enviar algumas informações cá para fora só para intoxicar a opinião pública», disse João Pardal ao jornal.

O presidente da Junta de Freguesia de Souselas considera que o processo de co-incineração é «mau para qualquer local» e afirma tratar- se «de uma birra, de uma teimosia do primeiro-ministro», José Sócrates.
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