Poderes do chairman da Galp saem reforçados com entrada de Murteira Nabo

«Há um trabalho muito grande que pode ser feito pelo novo chairman, uma vez que na Galp está, neste momento, tudo em aberto», disse a fonte governamental, justificando também, por isso, o facto do Governo ter insistido na escolha de Murteira Nabo.

A mesma fonte relembra que o que está em causa é a estratégia nacional da energia e que caberá à nova administração «ajustar o papel da Galp a essa estratégia (¿) para a qual contribuirá em muito o papel do chairman», nomeadamente, «como elemento activo da ligação entre os accionistas e o Estado, uma vez que o papel do Estado ainda é muito forte.» Recorde-se que o Estado detém directamente 25,77% da Galp Energia, enquanto a Parpública controla 4,23%.

Para além disso, «ainda está também por resolver a questão da entrada em bolsa da Galp, que será clarificada com a definição do modelo energético e na qual a intervenção do chairman também fará todo o sentido, visto que mais uma vez aqui se trata de estratégia», acrescenta a mesma fonte.

Esta terça-feira a Galp Energia aprovou, em Assembleia-geral (AG), a nomeação de Francisco Murteira Nabo para presidente do conselho de administração. Entretanto, foram nomeados como vogais da administração José António Marques Gonçalves, antigo presidente da Opel Portugal, André Palmeiro Ribeiro, Fernando Gomes, antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, João Pedro Brito, responsável do GPL, e Eduardo Oliveira Fernandes, ex-secretário de Estado da Energia do Governo de Guterres. Do anterior conselho de administração transitaram ainda Rui Cartaxo, José Penedos, Rui Oliveira Horta e Costa, Pina Moura (em representação da Iberdrola), e os cinco italianos em representação da ENI, a saber Giancarlo Rossi, Camillo Gloria, Ângelo Taraborrelli, Federico Ermoli e Giorgio Puce.

A nomeação da nova comissão executiva acontecerá na reunião do conselho de administração da próxima segunda-feira, dia 30 de Maio, sendo que a nova administração assumirá funções de imediato. Ao que a Agência Financeira apurou junto de fonte conhecedora do processo e próxima dos accionistas, a comissão será composta por três portugueses e dois italianos, sendo como certo o nome de Marques Gonçalves para o cargo de presidente executivo. Quanto ao administrador financeiro, várias vozes apontam no sentido de André Palmeiro Ribeiro, pela sua vasta experiência no sector financeiro ao nível da banca internacional, apesar de ainda não existir uma decisão final.

Da estrutura accionista da Galp Energia fazem ainda parte a italiana ENI que possui 33,34%, a Iberdrola que controla 4%, a Rede Eléctrica Nacional (REN) que detém 18,3%, enquanto a Portgás e a Setgás têm, cada uma, 0,044%.

Recorde-se que o anterior modelo para o sector energético previa, entre outras medidas, a integração do negócio de gás natural numa empresa detida em 51% pela EDP e em 49% pela Eni. Negócio que foi chumbado por Bruxelas e que está a ser agora revisto pela tutela do ministro da Economia, Manuel Pinho.

A mesmo fonte Governamental disse ainda que são esperadas notícias sobre esta matéria já no próximo mês de Junho.