Descida dos genéricos pode levar a despedimento de farmacêuticos

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) considera que as reduções dos preços dos medicamentos genéricos e das tabelas de preços convencionados para realização de análises clínicas no sector privado poderão colocar em causa a qualidade dos serviços prestados por farmacêuticos em farmácias e laboratórios de análises clínicas.

Em causa está a redução de 30 por cento no preço dos medicamentos genéricos, aprovada e anunciada esta quinta-feira pelo Executivo em Conselho de Ministros. Uma medida que, para a OF, «coloca as empresas do sector (farmácias, indústria e distribuição) em profundas dificuldades, não sendo de todo surpreendente que, para manter a sua viabilidade económica, sejam por elas adoptadas medidas de contenção da despesa, como a redução do quadro de pessoal, em particular dos profissionais mais qualificados, e dos próprios serviços prestados à população».

O problema, diz a Ordem, será também visível no sector das análises clínicas, onde o Governo quer reduzir até 20% o valor das convenções estabelecidas. Uma medida que «pode também conduzir ao encerramento de vários laboratórios e postos de colheita no nosso país, colocando em causa a cobertura actualmente em vigor».

A OF acusa o Ministério da Saúde de ter tomado estas medidas de forma unilateral e sublinha que as mesmas têm «importantes implicações ao nível da sustentabilidade financeira dos operadores privados. Perante um risco de ruptura, as empresas podem-se ver na obrigação de também elas efectuar cortes nas suas despesas correntes, tanto ao nível do pessoal como nos equipamentos e instalações».

Dos cerca de 11 mil farmacêuticos portugueses, mais de dois terços exercem a profissão em Farmácia Comunitária (6.390) e em Laboratórios de Análises Clínicas (1.444), revela a Ordem, adiantando que estes números «poderão diminuir drasticamente caso se verifiquem despedimentos ou mesmo o encerramento de algumas destas unidades».