Ferreira Leite: «Não é tempo para obras megalómanas» - TVI

Ferreira Leite: «Não é tempo para obras megalómanas»

Manuela Ferreira Leite

Baixa no «rating» pelas agências de notação prova-o

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A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite disse, este sábado, em Famalicão, que a recente posição de uma agência de notação financeira internacional sobre o endividamento do país mostra que não é tempo para «obras megalómanas».

«Digo e repito: cada investimento público tem de ser ponderado e bem avaliado. Não é tempo de obras megalómanas, pois cada erro nestas opções é uma corrente a prender os nossos pés e a arrastar-nos para o abismo», afirmou segundo a agência Lusa.

«Não podemos consentir nisto», afirmou, aludindo aos projectos de investimento do Governo para frisar que «os discursos inflamados do engenheiro Sócrates e as inaugurações passam, mas as dívidas ficam».

Manuela Ferreira Leite falava num comício realizado numa unidade hoteleira de Ribeirão, Famalicão, onde estiveram três mil militantes e simpatizantes do PSD.

No acto participaram, ainda, o vice-presidente do PSD, Rui Rio, o presidente da Distrital de Braga, Virgílio Costa e o autarca local, Armindo Costa.

No seu discurso, Manuela Ferreira Leite lembrou que, «ainda esta semana, uma das mais prestigiadas agências de notação financeira declarou que é agora mais arriscado conceder crédito ao Estado português, justificando o facto, não pela crise internacional mas pela crise interna».

Reformas com fracos resultados

A líder do PSD referia-se à agência Standard & Poor`s (S&P) que baixou quarta-feira a notação financeira da dívida portuguesa, atribuindo-lhe agora um «rating» de «A+».

Os analistas da S&P referem, numa nota da agência, que as reformas estruturais associadas à economia e às finanças públicas mostraram-se «insuficientes» para que Portugal continuasse a ter um rating de «AA».

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Um «rating» mais baixo corresponde a um risco de crédito mais elevado, pelo que normalmente o custo do crédito fica mais caro, tanto para os empréstimos pedidos pelo Estado como para os pedidos pelas empresas.

«Esta crise resulta dos fracos resultados das reformas e do caminho da consolidação orçamental», afirmou Ferreira Leite, frisando que quem o sustenta são os peritos da agência.

Para a presidente do PSD, esta declaração sobre o país «significa algo de muito grave: que os mercados olham para Portugal como tendo menor capacidade para pagar o que deve».

«Desta forma não vamos beneficiar tão significativamente da baixa da taxa de juro estabelecida pelo banco central europeu», sublinhou.

Argumentou que, assim sendo, «não se entende que o Governo queira tomar decisões sem tomar isto em consideração, e que, pelo contrário o primeiro-ministro continue, teimosamente, a invocar nenhuma razão para manter as obras públicas megalómanas».

«É verdade que é tempo de agir, mas tal deve ser feito dando espaço à iniciativa da sociedade», assinalou, defendendo que, «se o Estado for sufocante, se consumir todo o crédito actual e futuro, ficaremos ainda mais pobres».

Considerou que «o discurso do Governo e a realidade das pessoas têm vivido dramaticamente de costas voltadas», para lembrar que «a confiança tem as suas raízes nos valores que há que recuperar e reconhecer nas políticas que se nos dirigem».
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