Para o Banco de Portugal (BdP) apesar de assistir a um abrandamento, face à expansão muito intensa nos últimos anos, a actividade bancária «parece não ter sido afectada de forma significativa em termos quantitativos pela turbulência financeira», revela no seu Boletim Económico de Outono.
Segundo o organismo liderado por Vítor Constâncio: «esta evolução foi possível uma vez que os bancos portugueses, não obstante as condições adversas prevalecentes nos mercados financeiros, conseguiram manter algum acesso ao financiamento por grosso e os recursos de clientes registaram um aumento substancial no mesmo período».
Apesar disso, reconhece que o impacto sobre o sistema bancário português tem ocorrido essencialmente por via das dificuldades na obtenção de financiamento nos mercados por grosso a nível internacional, bem como pelas perdas em activos financeiros, «muito embora a exposição directa dos bancos portugueses ao mercado subprime norte-americano e a instrumentos relacionados não seja significativa».
Isso significa, no entender do mesmo, que o enquadramento da actividade do sistema bancário português tem vindo a afectar de forma negativa a sua rendibilidade, liquidez e solvabilidade.
Aumento dos depósitos
Esta turbulência nos mercados monetários e nos mercados de financiamento por grosso implicou o aumento das taxas de juro do crédito bancário e contribuiu para a maior restritividade das condições de financiamento do sector privado não financeiro, em particular no crédito à habitação, e para o acréscimo de exigência quanto às condições de solvabilidade dos agentes económicos.
Constâncio chama ainda a atenção de que o crédito interno manteve um forte dinamismo em 2008, que foi sustentado pelo sistema bancário através de um aumento substancial dos depósitos de clientes e da manutenção de algum acesso ao financiamento nos mercados por grosso, apesar das condições adversas prevalecentes nos mercados financeiros.
Incumprimento sobe
O BdP destaca ainda o aumento do crédito com incumprimento, quer no segmento dos particulares quer das sociedades não financeiras.
Este aumento reflecte «a deterioração da situação financeira de algumas famílias e empresas, num quadro de desaceleração da actividade económica, manutenção do perfil ascendente das taxas de juro bancárias, aumento da restritividade nas condições de oferta de crédito e materialização crescente do risco quanto à extensão e duração da instabilidade nos mercados financeiros».
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Constâncio diz que banca foi pouco afectada pela crise
- Redação
- SPP
- 18 nov 2008, 15:42
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Crédito continua dinâmico
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