Face Oculta: José Penedos regressa a Aveiro na 4ª Feira - TVI

Face Oculta: José Penedos regressa a Aveiro na 4ª Feira

Face Oculta: José Penedos ouvido em Aveiro

Presidente da REN esteve nove horas no Juízo de Instrução Criminal, mas interrogatório não terminou

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(ACTUALIZADA ÀS 23:26)

O presidente da Rede Eléctrica Nacional (REN), José Penedos esteve esta quinta-feira nove horas no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro, para continuar a ser interrogado no processo «Face Oculta».

Acompanhado pelos advogados José Manuel Galvão Teles, Rui Patrício e Duarte Santana Lopes, o arguido entrou no edifício do JIC de Aveiro, pelas 13:50 e saiu às 23:05, devendo o interrogatório prosseguir na próxima quarta-feira, 25 de Novembro, pelas 14:30, anunciou o advogado Galvão Teles.

Questionados sobre as longas horas que passaram no interior do JIC de Aveiro, o advogado respondeu: «A Justiça é lenta para ser justa».

José Penedos, que não quis falar aos jornalistas, passou a tarde a consultar o processo bem como a responder às questões colocadas pelo juiz. O presidente da REN está indiciado por crimes de corrupção passiva.

Defender «um homem inocente»

À entrada do JIC, Galvão Teles mostrava-se convicto de estar a defender «um homem inocente».

O arguido começou a ser interrogado na passada terça-feira, tendo reservado grande parte do dia para consultar os documentos processuais que lhe estão acessíveis na fase de inquérito. Já esta quinta-feira confirmou, ao tvi24.pt, durante uma breve interrupção dos trabalhos, que o interrogatório pergunta/resposta estava em curso.

Recorde-se que José Penedos, juntamente com o seu filho, Paulo Penedos, é suspeito de integrar a «rede tentacular» criada pelo empresário das sucatas, Manuel José Godinho, com vista a ser beneficiado nos contratos com empresas participadas pelo Estado, como é o caso da REN.

As vantagens poderiam ser de ordem patrimonial ou não patrimonial e visavam sempre o tráfico de influência junto de titulares de cargos governativos, políticos, com poder de decisão ou com acesso a informação privilegiada.

De acordo com a investigação, Paulo Penedos terá recebido contrapartidas patrimoniais de, pelo menos, 270 mil euros, e não patrimoniais, para interceder junto do seu pai, presidente da REN, no sentido de beneficiar as empresas de Godinho nos concursos e na adjudicação directa de contratos de prestação de serviços na área de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento e eliminação de resíduos produzidos pela REN.

A investigação acredita que José Penedos estava a par desta situação, que aceitava e até estimulava.

Está em causa, designadamente, a renovação até 2010 do contrato de gestão global dos resíduos produzidos pela REN celebrado com a O2 «Tratamento e Limpezas Ambientais, SA», fruto da intervenção decisiva de José Penedos, bem como a adjudicação dos trabalhos de limpeza e demolição em instalações da REN existente na Tapada do Outeiro - Central de Crestuma». Ambos os contratos foram celebrados em Junho de 2009.

De acordo com o Ministério Público, a empresa «O2- Tratamento e Limpezas Ambientais», do empresário de Ovar, tinha, entre 2004 e 2006, a REN como principal cliente, acrescentando que entre 2002 e 2007, exceptuando no ano de 2005, Manuel Godinho entregou presentes de Natal de valor considerável a José Penedos.

Entretanto, o juiz presidente do Tribunal de Aveiro, Paulo Brandão, anunciou mais duas diligências para sexta-feira. Um arguido, cujo nome não foi revelado, deverá ser interrogado de manhã, enquanto Paulo Penedos virá à tarde conhecer as medidas de coacção que o juiz lhe determinou. Recorde-se que o filho do presidente da REN está indiciado por dois crimes de tráfico de influências.
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