"Um dos melhores empresários portugueses", "um homem bom". As reações à morte de Rui Nabeiro - TVI

"Um dos melhores empresários portugueses", "um homem bom". As reações à morte de Rui Nabeiro

  • CNN Portugal
  • HCL
  • 19 mar 2023, 10:33

Fundador do Grupo Delta morreu aos 91 anos. Estava hospitalizado devido a doença respiratória grave

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Rui Nabeiro, fundador do Grupo Delta que morreu este domingo aos 91 anos, é recordado pelo Presidente da Assembleia da República como "um dos maiores e melhores empresários portugueses", tal como alguém que era "muito atento aos direitos dos seus trabalhadores". 

Em declarações à CNN Portugal, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lembrou "um dos melhores empresários portugueses", que fazia questão de dar "atenção diária aos direitos dos trabalhadores". "Portugal não vai esquecê-lo", afirmou também Santos Silva, recordando às empresas que é possível ter lucro sem esquecer os trabalhadores.

Também o primeiro-ministro, António Costa, destacou o legado do empresário, que "ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país". "O seu percurso foi inspirador, pela força, energia e sempre o sonho de fazer acontecer", acrescentou.

Igualmente, o Presidente da República lamentou este domingo a morte do empresário Rui Nabeiro, que teve a oportunidade de o visitar no hospital este sábado, ao fim da tarde. "Rui Nabeiro foi um percursor, construiu uma marca global, como há poucas no nosso país, mantendo sempre a sede e o coração da sua atividade em Campo Maior, terra onde nasceu e onde deixa um generoso legado", afirma a nota da Presidência da República.

Marcelo acrescenta que, num tempo económica e socialmente desafiante, o exemplo do empresário, "na sua preocupação social e participação cívica, com a comunidade e com o país", "devem ser um exemplo e uma inspiração para todos quantos podem devolver à sociedade um pouco daquilo que esta lhes deu."

Na mesma linha, o presidente do PSD, Luís Montenegro, descreve o falecido empresário como "um homem bom" e "um exemplo de capacidade empreendedora e responsabilidade social". "Mostrou que é possível criar riqueza com trabalho e inovação e que, a partir daí, se gera emprego e qualidade salarial. Sentidos pêsames à sua família", escreveu no Twitter.
 

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em 28 de março de 1931, em Campo Maior, no distrito de Portalegre. Em 1961, criou a Delta Cafés, “dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal” e se encontra “em forte expansão nos mercados internacionais”, realçou o grupo empresarial em nota de pesar enviada este domingo à comunicação social. 

O socialista e eurodeputado Pedro Marques salienta também a morte de "um grande homem e um grande empresário" que aprendeu a "respeitar muito nesta última década que nos aproximou". "Sinto-me obrigado para a vida a Rui Nabeiro. Pelo exemplo que deixa, pelo que fez por Campo Maior, pelo Alentejo, por Portugal", referiu.
 

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, destacou o "coração enorme", bem como a "generosidade e solidariedade" de Rui Nabeiro, que morreu hoje, reforçando que o país "deve-lhe imenso". "Homem com um coração enorme, que sempre foi o seu bem mais valioso, inspirou inúmeras pessoas com os seus gestos permanentes de generosidade e solidariedade", enaltece o ministro da Saúde na mensagem de condolências, na qual apresenta “as mais profundas condolências” à família do empresário que morreu hoje aos 91 anos.

Destacando o "empresário genial" e o "cidadão exemplar", Manuel Pizarro afirma que o país "deve-lhe imenso" e que jamais esquecerá o "apoio que sempre deu ao Serviço Nacional de Saúde, enquanto utilizador do Hospital de Elvas e doador de múltiplos e importantes apoios". "Presto-lhe a minha profunda homenagem, na certeza de que a sua intervenção social marcou a vida de milhares de pessoas e perdurará, para sempre, na memória coletiva de Portugal", acrescenta o ministro, agradecendo ao empresário "por tudo".

Contactado pela CNN Portugal, o bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, assumiu ter ficado "chocado" com a notícia da morte de Nabeiro, para quem qualquer referência "ficará aquém daquilo que foi em vida". "É uma grande referência como empresário. A capacidade que teve de criar um grupo económico com uma base regional. Fala-se muito da fixação de pessoas no interior e o caso Delta devia ser olhado com muita atenção", sublinhou António Mendonça.

 

Se o país tivesse mais homens como Nabeiro, "talvez a economia portuguesa hoje fosse mais avançada"

Já o ministro da Economia considera que o desaparecimento de Rui Nabeiro, marca uma "enorme perda", destacando a visão estratégia do empresário e a importância que deu à responsabilidade social muito antes de esta entrar no debate.

"Hoje é um dia muito triste para Portugal. O desaparecimento de Rui Nabeiro marca uma perda enorme para o país. É um exemplo de um empresário que desenvolveu uma visão estratégica, que foi capaz de criar riqueza, de disseminar a sua empresa pelos quatro cantos do mundo", disse à Lusa o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.

O governante destacou ainda que Rui Nabeiro "teve a assunção da responsabilidade social", muito antes de esta se tornar um "mantra dos debates atuais", com a ligação "profunda não só aos colaboradores, mas também a toda a comunidade envolvente".

Classificando a trajetória do empresário de "extraordinária", Costa Silva afirmou que se o país tivesse mais homens como Rui Nabeiro, "talvez a economia portuguesa hoje fosse diferente e mais avançada".

A Câmara de Elvas apresentou também um voto de pesar “em honra à vida e à memória” do empresário Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, e decretou três dias de luto municipal. A Câmara de Elvas sublinha ainda, em nota tornada pública, que “o trabalho, resiliência, o amor à sua terra, e a sua ética de trabalho” serão para “sempre recordados” por quem conheceu o empresário.

“Não podemos esquecer os inúmeros momentos em que foi parceiro da Câmara Municipal de Elvas, assim como o investimento que realizou no nosso concelho, sendo com profunda tristeza e consternação que recebemos a notícia do seu falecimento”, pode ler-se no documento.

Neste sábado, o Presidente da República timorense lamentou igualmente o desaparecimento de um “homem bom e generoso”, recordando os esforços do empresário português para promover o café timorense no exterior. “Uma vida longa de grandes iniciativas empresariais, de criar emprego, riqueza para Portugal, para as comunidades onde a Delta estava instalada”, disse José Ramos-Horta, em declarações à Lusa em Díli.

“Fez algumas tentativas de comprar café de Timor no início, mas o mercado na altura já era bastante orientado para outros países como os Estados Unidos. Ainda assim a sua passagem por Timor foi sentida”, recordou. O chefe de Estado timorense disse que Nabeiro acabou por não poder voltar a Timor-Leste, apesar de a Delta continuar a promover café de Timor-Leste, e recorda uma viagem que fez com o empresário a um evento internacional em Nova Iorque.

“Falámos muito, falámos muito da Delta e do café de Timor. Tenho grata recordação dele. Uma pessoa boa, generosa para os trabalhadores e as suas famílias”, lembrou Ramos-Horta, que falava à margem da inauguração de um novo espaço multiúsos do grupo de media GMN, em Díli.

O lote “Timor” é hoje um dos que integra a coleção da Delta, descrito com “um blend harmonioso, exótico e de deliciosa plenitude”, com café da região de Ermera, a sul de Díli, e que se distingue segundo a empresa pelo seu “sabor cheio, acidez suave e traços doces de chocolate”, segundo a empresa.

Do lado desportivo, os Órgãos Sociais do Clube de Futebol “Os Belenenses” dão conta do falecimento do comendador, realçando os "vários anos" em que "apoiou e patrocinou" o clube, "com uma especial ligação à sua Secção de Andebol".

Percurso de Rui Nabeiro "deve servir de farol para outros exemplos" no país

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, recorda Rui Nabeiro como "um exemplo de fazer bem" e de "responsabilidade", cuja dimensão humana deve servir de "farol" a todos.

António Saraiva destacou ainda a dimensão humana de Rui Nabeiro e a forma como era apreciado por todos os colaboradores, pela região onde vivia e mesmo por todo o país e cujo percurso "deve servir de farol, de luz avisadora para outros exemplos que felizmente o país tem".

Confiante de que o neto de Rui Nabeiro continuará a obra do avô, o presidente da CIP acentuou o legado que o empresário deixou e que estava refletido na sua capacidade de aliar a gestão a princípios, valores, ética, humanismo e responsabilidade social.

Também a presidente executiva do grupo Sonae, Cláudia Azevedo, acredita que o legado de Rui Nabeiro irá perdurar durante várias gerações, considerando que o nome do empresário estará sempre ligado à preocupação na criação de valor social.

“Estou certa de que o seu legado perdurará durante várias gerações”, afirma a responsável.

A empresária recorda que “durante muitos anos” o grupo contou com a presença de Rui Nabeiro na abertura de centenas das suas lojas, "comprovando a generosidade que sempre teve para com a Sonae”.

“O seu nome estará para sempre ligado a um dos grandes empresários nacionais e a uma grande preocupação na criação de valor social”, salientou.

O presidente da direção da Associação Industrial Portuguesa (AIP) classificou “a grandeza” do projeto empresarial de Rui Nabeiro como algo "incomum e ímpar", ao ponto de fazer parte do sistema de ensino em Portugal.

Numa nota à imprensa, José Eduardo Carvalho classifica Rui Nabeiro como uma das “maiores referências empresariais do país de todos os tempos”.

“A grandeza do seu projeto empresarial, é incomum e ímpar”, disse.

Para o responsável da AIP, “o percurso do comendador Rui Nabeiro e a história do grupo empresarial que construiu, devia ser objeto de uma análise e divulgação obrigatória no sistema formal de ensino, se porventura este tivesse uma forte componente empreendedora”.

A AIP recorda que o empresário de Rio Maior “conseguiu fazer crescer e consolidar o seu grupo empresarial num setor económico (o industrial), aberto e exposto à concorrência e à competitividade empresarial”.

“O grupo nasceu no interior do país, demonstrando que o sucesso dos grandes projetos empresariais, não está condicionado pela sua localização geográfica”, salienta.

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