«Não haverá tréguas» para a construção civil - TVI

«Não haverá tréguas» para a construção civil

  • Portugal Diário
  • 29 fev 2008, 07:54

Inspector-Geral do Trabalho quer baixar número de acidentes de trabalho

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O Inspector-geral do Trabalho garantiu à agência Lusa que «não vai dar tréguas» ao sector da construção civil durante este ano, para tentar baixar o elevado número de acidentes de trabalho que se regista em Portugal.

Em entrevista à agência Lusa, Paulo Morgado de Carvalho diz que o sector continua a suscitar «uma preocupação muito elevada», porque continua a registar um elevado número de acidentes mortais.

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No ano passado, ocorreram 82 acidentes mortais na construção civil e, já este ano, até ao dia 15 de Fevereiro, já se registaram 16 acidentes graves, nos quais morreram 11 pessoas.

«[Por isso], não vamos dar tréguas ao sector da construção civil, vamos ser bastante determinados», garantiu Paulo Morgado de Carvalho.

O Inspector-geral do Trabalho diz que aposta na prevenção para alterar a situação num sector que é maioritariamente constituído por pequenas e médias empresas, que são aquelas onde se regista maior número de acidentes graves.

Paulo de Carvalho diz que nos últimos anos tem havido uma evolução positiva nos níveis de sinistralidade laboral, tendo sido registados 163 acidentes mortais em 2007, contra a média de 300 por ano registada nos anos 90.

Números preocupantes

No entanto, esclarece, «estes números continuam a ser preocupantes e temos de ir mais longe para os reduzir».

«Se houvesse mais investimento na prevenção seria melhor para todos», disse, reconhecendo que tem havido uma evolução nesta área mas apenas nas grandes empresas.

Para Paulo de Carvalho, a situação só vai, de facto, melhorar quando mudarem as mentalidades e para isso defende que «é importante ligar a prevenção à educação».

«É preciso educar para prevenir, por isso era importante que a prevenção fosse introduzida nos currículos da escola primária para que as crianças tivessem, desde cedo, a noção dos riscos relativos à segurança, higiene e saúde no trabalho», afirmou.

O sector da construção foi alvo de uma acção inspectiva a nível nacional no final da semana passada que abrangeu 736 empresas e 1.795 trabalhadores.

Os 153 inspectores envolvidos na acção detectaram 826 infracções às normas de segurança na construção.

A situação verificada no sector da construção levou a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), que integra a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) a exigir maior responsabilidade aos vários agentes intervenientes na cadeia de valor do sector, nomeadamente os projectistas, os donos de obra, as empresas empreiteiras e construtoras, os coordenadores de segurança e os próprios trabalhadores independentes.

«A morte por acidente de trabalho tem consequências para todos, para o Estado, para a empresa e para as famílias», afirma.
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