Quercus contra mina de urânio no Alentejo - TVI

Quercus contra mina de urânio no Alentejo

  • Portugal Diário
  • 14 ago 2007, 18:46

Organização alerta para impactos no ambiente e na saúde da população

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A associação ambientalista Quercus opôs-se esta terça-feira à eventual exploração de uma jazida de urânio no concelho alentejano de Nisa (Portalegre), alertando para os «grandes impactos» que tal poderá causar em termos ambientais e da saúde da população, noticia a Lusa.

«O urânio tem muito mais consequências do que outros minérios normais, tanto em termos dos impactos para o ambiente, como dos problemas que implica para a saúde», alertou Nuno Sequeira, do núcleo de Portalegre da Quercus.

Em comunicado, a associação ambientalista divulga a sua oposição à exploração de uma jazida de urânio em Nisa, na sequência de notícias que apontam que essa hipótese se encontra em estudo.

«A actividade de exploração mineira é incompatível com o modelo de desenvolvimento levado a cabo pelo município», argumenta a Quercus, aludindo ao turismo de qualidade, produção agrícola e produtos regionais como apostas da autarquia.

A associação ambientalista, que promoveu no mês passado um debate em Nisa sobre este mesmo assunto, assegura ainda que esta sua perspectiva sobre a exploração de urânio é «partilhada» pelas entidades locais, bem como por um «conjunto significativo da população».

Em declarações Nuno Sequeira acrescentou que, apesar do projecto que está a ser estudado para extracção daquele minério em Nisa «estimar uma exploração num período de seis a dez anos», os efeitos do urânio «permanecem durante centenas ou milhares de anos».

«Devido à radioactividade que o urânio contém, os impactos que deixa no ambiente vão-se arrastar durante muito tempo, com a contaminação dos recursos hídricos e dos solos», afirmou.

Já ao nível da saúde das populações locais, acentuou, a exploração de urânio «acarreta grandes problemas, sobretudo oncológicos e respiratórios».

«A extracção de urânio em Nisa, por agora, ainda não passa de uma hipótese que está a ser estudada e que não está aprovada, mas a Quercus quer marcar já uma posição, para evitar que o processo se torne irreversível», justificou o mesmo dirigente da associação.

No comunicado, a Quercus lembra também que é uma associação «pacifista e defensora da opção "não ao nuclear"», pelo que não se pode «alhear do eventual destino a dar ao urânio explorado» em Portugal, seja a sua utilização «em centrais nucleares» ou para a «produção de armamento nuclear».

De acordo com a página na Internet da Câmara Municipal de Nisa, as reservas de urânio locais foram descobertas em 1959 e são das maiores do país, estimando-se que aí existam 4.100 toneladas desse minério.
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