Cegueira: Roche avisou para perigo - TVI

Cegueira: Roche avisou para perigo

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Medicamento usado nos olhos dos doentes era apenas indicado para cancro do cólon e recto. Santa Maria diz que desconhece aviso do laboratório

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A Roche, laboratório que fabrica o medicamento que terá causado risco de cegueira em seis doentes do Hospital Santa Maria, tinha avisado que o Avastin (bevacizumab) não é indicado para tratamento oftalmológico. No entanto, o director do serviço de oftalmologia do hospital Santa Maria negou, esta quarta-feira, em conferência de imprensa conhecer este aviso.

Leia o alerta da Roche

O alerta da Roche surgiu no final de 2008 após terem sido conhecidos 25 casos de doentes com inflamações oculares no Canadá. Numa carta enviada aos profissionais de saúde canadianos, que pode ler aqui, o laboratório explicou então que o fármaco foi desenvolvido «para tratamento do cancro do cólon e recto e que a utilização oftalmológica nunca foi estudada».

A Roche frisa ainda «que o medicamento foi concebido exclusivamente para uso intravenoso em contexto oncológico». No entanto, o responsável de farmácia do Hospital Santa Maria, Correia da Cunha, explicou esta quarta-feira em conferência de imprensa que utilização deste medicamento deve-se ao facto desta ser a única esperança para quem está em vias de cegar, garantindo que não há, qualquer outro medicamento que tenha os mesmos efeitos na degeneração macular.

Segundo a revista «Sábado», todos os hospitais portugueses foram também avisados de que o uso oftalmológico era desaconselhado e que «não foi autorizado por qualquer autoridade de saúde mundial». Uma informação que não chegou ao director de oftalmologia do hospital Santa Maria que negou, na tarde desta quarta-feira, em conferência de imprensa, ter conhecimento do alerta do laboratório, garantindo que o medicamento é utilizado em todo o mundo.

Segundo o laboratório, os 25 casos detectados no Canadá foram em doentes tratados com o mesmo lote de Avastin, mas as análises realizadas nesse lote não detectaram anomalias, o que, segundo a Roche, mostra que não haveria perigo caso tivesse sido aplicado apenas para os usos que é recomendado.

A imprensa canadiana noticiou na altura que os oftalmologistas começaram a utilizar Avastin por ser semelhante ao Lucentis, um medicamento para tratar problemas oculares. A vantagem do Avastin é ser muito mais barato.

No casos registados no hospital Santa Maria, a administração já negou que os custos dos medicamentos sejam preocupação aquando da aplicação da terapêutica adequada ao doente.

O hospital garante ainda que o medicamento é seguro e que já foi usado, com sucesso, em 80 casos no Santa Maria e que os estudos apontam que exista um caso em mil de reacções adversas.

Recorde-se que também o Infarmed apenas reconhece o uso deste medicamento para fins oncológicos e não para tratamento oftalmológico.

A administração do Hospital Santa Maria disse esta tarde estar disposta a assumir as responsabilidades de um eventual erro médico caso seja essa a conclusão dos três inquéritos em curso sobre o risco de cegueira dos seis doentes.

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