Seguranças que agrediram cliente em bar do Porto condenados a seis anos e meio - TVI

Seguranças que agrediram cliente em bar do Porto condenados a seis anos e meio

  • 9 jul 2018, 18:09
Mega-operação da PSP na noite do Porto

Arguidos têm ainda de pagar 80 mil euros

Os dois seguranças que agrediram, em 2013, no Porto, um cliente do bar onde exerciam funções de forma ilegal, deixando-o com sequelas graves e permanentes, foram hoje condenados a seis anos e meio de prisão.

O Tribunal São João Novo, no Porto, sentenciou ainda estes dois arguidos a pagar à vítima uma indemnização de 80 mil euros.

O processo envolve mais dois arguidos, outro segurança e a proprietária do estabelecimento, acusados de exercício de segurança ilícita, tendo o primeiro sido condenado a dois anos e meio de prisão efetiva, pelo facto de já ter antecedentes criminais, e a segunda condenada a um ano e oito meses de prisão, suspensa na sua execução, sob a condição de escrever um pedido de desculpa à vítima por ter pessoas a exercer segurança ilegal no seu estabelecimento, devendo juntar o documento aos atos.

Segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso, a 05 de agosto de 2013, cerca das 13:00, num bar do Porto, os dois arguidos, que exerciam segurança ilícita no estabelecimento, agrediram um cliente a socos e pontapés, deixando-o em coma.

Misturados com os clientes, os arguidos, de 28 e 37 anos, só intervinham em caso de distúrbios, porque exerciam funções de segurança sem uniforme e cartão profissional, refere o Ministério Público.

Um dos arguidos, tido como o chefe de segurança, reconheceu um cliente, com quem se tinha desentendido anos antes, decidindo ajustar contas, adianta.

Assim, este arguido e outro segurança abordaram a vítima de 42 anos e agrediram-no a socos e pontapés na cabeça, depois de o empurrarem para fora do estabelecimento.

Após o deixarem inconsciente, abandonaram-no no chão, na via pública, e roubaram-lhe um telemóvel, um cordão em ouro e documentos pessoais, acrescenta a acusação.

Transportado para o hospital, onde esteve em coma durante um mês, a vítima ficou com sequelas permanentes, nomeadamente com uma perturbação psíquica, lentidão de pensamento, impulsividade, mudança de personalidade e diminuição de energia.

No início do julgamento, a 14 de maio, a vítima, com visíveis limitações ao nível da locomoção, fala e memória, referiu que “infelizmente” não se lembra de nada, a não ser que foi para o bar e, quando entrou, viu o segurança com quem há uns anos teve um desentendimento e “pressentiu” que algo ia acontecer.

“Tentei ligar ao meu irmão, mas ele não atendeu, dancei um pouquinho e não me lembro de mais nada, infelizmente, só de acordar no hospital e não reconhecer a minha mãe”, disse.

Não conseguindo explicar mais nada, a vítima contou que teve de aprender a fazer tudo, desde falar a caminhar.

“A minha vida acabou, perdi tudo, até o meu casamento acabou, já nem alegria de viver tenho”, relatou.

Emocionado, a vítima confidenciou que não tem amigos porque não consegue socializar, tornou-se ansioso, tem problemas de controlo e ficou com 80% de incapacidade.

“As perspetivas de melhorias, segundo o médico, não são nenhumas, a minha vida acabou aos 42 anos”, reforçou.

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