Educação: oposição descontente com novas medidas - TVI

Educação: oposição descontente com novas medidas

Manifestação de professores (Hugo Beleza)

Da esquerda à direita, ninguém ficou satisfeito com as soluções alternativas ao modelo de avaliação dos professores

Relacionados
NOTÍCIA ACTUALIZADA

A oposição ao Governo actuou em uníssono, mostrando-se insatisfeita com as novas medidas apresentadas por Maria de Lurdes Rodrigues relativas à avaliação dos professores, informa a agência Lusa.

O líder parlamentar Paulo Rangel falou pelo PSD: «O Governo reconhece um erro, embora depois persista no erro. O que se esperava, se o Governo reconhece que o modelo de avaliação falhou, que errou, e que tem de ser alterado em vários aspectos, era que ele suspendesse o modelo e que se trabalhasse num novo modelo».

Comentando em concreto as medidas anunciadas pela ministra da Educação, o social-democrata defendeu que «não contribuem em nada para restaurar um clima de estabilidade, tranquilidade, de serenidade nas escolas» e que algumas têm até o efeito contrário. Na sua opinião, «a criação de faculdades, a possibilidade de ser o professor a optar ou não por determinados aspectos da avaliação são factores que aumentam o conflito».

Por outro lado, apontou como «aspecto positivo» as notas dos alunos deixarem de contar para a avaliação dos professores, mas criticou que isso aconteça apenas transitoriamente: «Diz-se que contará a seguir, para o ano. É um mau princípio, devia ser eliminado de vez»

«Montanha pariu um rato»

O PCP defendeu, por seu lado, que, para além de «insuficientes», as medidas de simplificação do processo de avaliação de professores são o «reconhecimento claro» por parte do Governo de que o modelo «não é exequível».

«Bem se pode dizer que a montanha pariu um rato», afirmou à Lusa Jorge Pires, da comissão política do PCP a propósito «da expectativa que foi criada» em torno do conselho de ministros extraordinário desta tarde dedicado à avaliação de desempenho do professores.

«As nossas expectativas não eram muitas e portanto as medidas anunciadas estão de acordo com isso. Apesar de insuficiente, porque não responde à questão central, há aqui, neste conjunto de medidas, um reconhecimento claro de que o modelo de avaliação não é exequível», defendeu o comunista, concluindo: «Este modelo não é solução e com certeza que os professores não vão aceitar este modelo».

«Soluções precárias»

Para o Bloco de Esquerda (BE) «as medidas que a ministra da Educação anunciou são precárias, insuficientes e demasiado pontuais para resolver o problema», declarou aos jornalistas o deputado do BE João Semedo, no Parlamento. «Do ponto de vista do Bloco, a reclamação política que mantemos é a suspensão da avaliação do desempenho dos professores», acrescentou.

João Semedo defendeu que só a suspensão do actual modelo «poderá efectivamente resolver o problema e abrir um espaço de discussão e de negociação que possa de facto resolver os problemas que este modelo de avaliação criou nas escolas e aos professores portugueses».

«Sobras do anterior»

O deputado do CDS/PP José Paulo Carvalho considera que as alterações produzem um novo modelo «expurgado dos aspectos mais negativos» do anterior. «Foi preciso um ano para a ministra da Educação e o Governo perceberem o que aos olhos de todos era óbvio: o processo era injusto e inexequível», lamentou.

«Mais vale tarde do que nunca, mas neste caso foi tarde demais», pois criou um clima de «contestação e de conflitualidade» entre os diversos agentes do processo educativo que «poderia ter sido evitado» e só aconteceu devido à «teimosia» da ministra e do governo socialista, disse à Lusa. «Era óbvio que as notas dos alunos não podiam contar para a avaliação, era óbvio que os avaliadores tinham que ser da mesma área dos avaliados», acrescentou. Em todo o caso, para o deputado do CDS/PP, o modelo agora anunciado são as «sobras do anterior».

«Não nos revemos neste modelo» e «vamos continuar a lutar por uma avaliação justa e equitativa» dos professores, prometeu.
Continue a ler esta notícia

Relacionados