Colo do útero: vacinas diferentes - TVI

Colo do útero: vacinas diferentes

  • Portugal Diário
  • 6 nov 2007, 21:47

Distinguem-se na quantidade de vírus a que se direccionam e no tipo de resposta imunitária

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As duas vacinas existentes em Portugal contra o cancro do colo do útero têm ambas 100 por cento de eficácia, distinguindo-se uma da outra na quantidade de vírus a que se direccionam e no tipo de resposta imunitária, escreve a Lusa.

O primeiro-ministro José Sócrates anunciou a ampliação dos cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que integrará pela primeira vez programas nacionais de saúde oral, de vacina contra o vírus que provoca o cancro do colo do útero e de apoio à procriação medicamente assistida.

A vacina comercializada desde 15 de Outubro pela GlaxoSmithKline custa 433,23 euros, menos 48 euros do que a vacina da Sanofi Pasteur à venda desde o início do ano.

Além da diferença do preço, as duas vacinas mostram características diferentes, nomeadamente no que respeita à sua formulação: a da Sanofi é valente para quatro vírus e a da Glaxo dirige-se a dois.

«De acordo com o que é conhecido até ao momento, as diferenças essenciais entre as duas vacinas estão na sua formulação, pois a vacina da Sanofi, além dos HPV 16 e 18, apresenta protecção contra os HPV 6 e 11, que são responsáveis por lesões como as verrugas genitais», explicou à agência Lusa Rui Medeiros, investigador do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.

No entanto, segundo o mesmo especialista, a vacina da Glaxo parece ter «uma maior capacidade de induzir uma resposta imunitária mais potente».

Rui Medeiros salienta que ambas poderão causar uma redução de pelo menos 70 por cento no número de casos de cancro do colo do útero na União Europeia e em Portugal.

Ambas são eficazes

Para o investigador, a «validação, eficácia e segurança» das duas vacinas «parece estar claramente demonstrada».

Opinião semelhante foi manifestada à Lusa pela coordenadora da unidade de papilomavírus do Instituo Nacional de Saúde, Ângela Pista, que notou que as duas vacinas demonstraram «níveis de eficácia muito bons» e «respostas imunitárias extremamente elevadas».

«A resposta imunitária demonstrada até agora foi muito mais elevada do que aquela que é induzida pela infecção natural», especificou.

A especialista acrescenta que os estudos recentes mostram ainda que as duas vacinas apresentam resultados de protecção cruzada, ou seja, que a sua efectividade pode ser mais abrangente do que inicialmente se pensava.

Isto porque há resultados que demonstram que as vacinas também protegem contra outros tipos de HPV, para além dos HPV 16 e 18, os vírus considerados de alto risco.

Até ao momento, as vacinas demonstram uma protecção para cinco/cinco anos e meio e «provavelmente essa imunidade irá continuar», mas Ângela Pista diz que é por enquanto impossível saber se será ou não necessária, no futuro, uma dose de reforço.

Também a especialista internacional em cancro do colo do útero Diane Harper salienta que as duas vacinas apresentam uma protecção cruzada para os tipos de vírus relacionados com o HPV 16 e 18 (os de elevado risco).

Mas enquanto a vacina da Glaxo mostra uma protecção cruzada durante pelo menos cinco anos e meio, a vacina da Sanofi tem uma protecção cruzada durante três anos e apenas para os tipos relacionados com o HPV 16, segundo a investigadora da Dartmouth Medical School, em Hanover, Alemanha.

Uma das semelhanças entre as duas marcas de vacina é a idade em que se recomenda a sua administração: a da Sanofi pode ser administrada entre os nove e os 26 anos e a da Glaxo entre os 10 e os 25 anos.
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