Tua: sobreviventes não querem voltar à linha - TVI

Tua: sobreviventes não querem voltar à linha

  • Portugal Diário
  • Paula Lima com agência Lusa
  • 27 mar 2007, 18:41
Sara Raquel Pedreiro: sobrevivente de acidente no Tua - Pedro Sarmento Costa / LUSA

Sara e Orlando não conseguem esquecer acidente de há 6 semanas

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Os dois sobreviventes do descarrilamento de um comboio na Linha do Tua ainda recordam diariamente as imagens do acidente, ocorrido há seis semanas, e garantem que não voltarão a usar aquele transporte.

Sara Raquel Pedreiro sobreviveu ao descarrilamento do comboio na Linha do Tua, mas o acidente que há seis semanas vitimou três pessoas traz-lhe «recordações diárias» e, por isso, diz que «nunca mais» vai apanhar aquele transporte.

Sara Raquel, 23 anos, continua em casa a recuperar-se dos ferimentos provocados pela queda do comboio por uma ravina de 60 metros mas, em Abril, espera regressar ao trabalho.

Seis semanas depois as recordações ainda «atormentam» a jovem, que disse à agência Lusa que nunca mais terá coragem para viajar de comboio na linha do Tua.

A jovem frequenta o quarto ano do curso de enfermagem no Instituto Piaget, em Macedo de Cavaleiros. As deslocações para Macedo e Mirandela eram quase sempre feitas de comboio pelo Tua, e nessas viagens, Sara diz que nunca sentiu «qualquer tipo de receio» ou «medo» daquela linha.

Bem pelo contrário, as escarpas e as encostas íngremes do leito do rio Tua eram «fantásticas» de se observar.

E foi numa dessas encostas que Sara e Orlando Barbosa, o segundo sobrevivente do acidente, esperaram «longas horas» pela chegada de ajuda.

«Eu ia no terceiro banco. Mas só recordo o comboio a inclinar e a cair. Não me lembro de ter sido cuspida. Foi tudo muito rápido e não tive muita percepção do que se estava a passar», salientou.

Foi a jovem que ligou para o 112 a pedir ajuda e mandou ainda uma mensagem ao pai em jeito de despedida: «Gosto muito de vós mas o comboio esbarrou-se».

A estudante passou dez dias hospitalizada, primeiro em Vila Real e depois em Lamego, e actualmente está a fazer fisioterapia a um pulso, que continua inchado.

No Pinhão, concelho de Alijó, Orlando Barbosa, passa agora os dias a estudar e na Internet.

Com três sessões semanais de fisioterapia por causa das mazelas provocadas pelo acidente de comboio, o jovem de 24 anos ainda não regressou às aulas em Mirandela, onde frequenta o primeiro ano do curso de solicitadoria.

Por isso, enquanto recupera, aproveita para se preparar para os exames de Julho.

O regresso a Mirandela vai ser feito de carro, porque Orlando Barbosa recusa-se a voltar a viajar de comboio, «seja em que linha for».

«Todas as manhãs, quando estou a tomar banho, ouço o comboio na estação do Pinhão. É impossível não pensar no que aconteceu», afirmou à Lusa.

Orlando Barbosa passou três semanas internado no hospital de Vila Real, onde deu entrada com ferimentos na perna direita, nos dois braços, numa costela e na cabeça.
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