O novo coodenador da task-force do plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal admitiu que os prazos para a inoculação da população não são fixos, mas não pondera mudar os grupos prioritários.
Não faz sentido mudar o plano porque faltam vacinas", começou por frisar o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Em entrevista à TVI24, esta terça-feira, o vice-almirante foi claro e deixou um aviso quanto aos próximos meses: "Não vai ser um verão normal".
Na mesma ótica, questionado sobre a possibilidade da população portuguesa estar vacinada na totalidade no Natal, Gouveia e Melo alertou que tudo depende das doses que o país recebe e que este é um "se" muito grande.
Não vai ser um verão normal. Nessa altura ainda não vai haver imunidade de grupo. No Natal sim, mas as vacinas têm de chegar a tempo",
Estas declarações vão ao encontro do primeiro-ministro, que já tinha afirmado que a imunidade de grupo só será atingida no final do verão, quando se estima que 70% da população esteja vacinada.
Coordenador admite uso da vacina da AstraZeneca na generalidade
Já sobre a vacina da AstraZeneca, o vice-almirante clarificou que o fármaco pode ser utilizado em maiores de 65 anos em Portugal, caso a escassez se mantenha.
O coordenador relembrou que esta vacina foi aprovada pela UE para pessoas acima dos 18 anos e que "não há dúvidas sobre a qualidade".
Esta vacina tem menos reações negativas", explicou, justificando que os ensaios clínicos "não tinham gente suficiente com mais de 65 anos para ser considerada válida neste grupo. No entanto, os outros fármacos também não têm muito mais gente".
Gouveia e Melo destacou que a vacina está a ser administrada com regularidade nos Estados Unidos e no Reino Unido. Contudo, a vacina da Astrazeneca não será utilizada, para já, nesta fase do plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal.
Mas se se mantiver uma escassez e esta vacina for uma alternativa , claro que sim", admitiu.
Portugal tem capacidade para administrar 150 mil vacinas por dia
Portugal terá uma capacidade para administrar entre 100 e 150 mil vacinas por dia e duplicar esse número aos fins de semana, anunciou o novo coordenador.
O país tem capacidade para um ritmo muito elevado de vacinação, e vamos fazê-lo, assim haja vacinas para isso”, afirmou Henrique Gouveia e Melo, estimando que o país, usando a capacidade máxima, consiga administrar “entre as 100 e as 150 mil vacinas por dia, em períodos normais e nos fins de semana duplicar isso”.
Numa altura em que o ritmo de vacinação ronda as “22 mil vacinas por dia”, o responsável pelo plano prevê que, no segundo trimestre do ano, “se vierem as vacinas que estão contratadas e que se pensa que virão, o ritmo aumentará para cerca de 80 a 81 mil vacinas por dia”.
Gouveia e Melo afirmou ainda que Portugal conta atualmente com 910 postos de vacinação prontos a atuar, nos centros de saúde, número que poderá ser alargado para 1.200 postos.
Trata-se, segundo o coordenador do plano de vacinação, que sucedeu a Francisco Ramos no cargo, de “uma malha que atinge de forma muito capilar a população portuguesa, está espalhada no território nacional” e “pronta para trabalhar”.
Com o aumento do número de vacinas, no segundo trimestre no ano, admite a necessidade de encontrar “soluções” como “postos de vacinação massiva, alargar os períodos aos fins de semana ou usar outros agentes que possam vacinar, como por exemplo as farmácias”.
Em Portugal já foram recebidas 503 mil vacinas, 43 mil das quais foram para a Madeira e para os Açores e 460 mil ficaram no continente.
DGS adapta norma para combater vacinação indevida
Sobre as polémicas que assombram o plano de vacinação contra a covid-19, o coordenador esclareceu que as sobras devem ser aplicadas consoante as prioridades estabelecidas.
A DGS fez um normativo que julgava suficiente", começou por explicar Gouveia e Melo.
Questionado se houve uma "ingenuidade" da task-force, o coordenador disse que "partiu-se do princípio que estamos a falar com pessoas de bem e a tratar com pessoas de bem".
Mesmo com pessoas de bem há abusos", admitiu, acrescentando que "estes abusos minam a confiança".
O vice-almirante que quer chegar ao período de maior capacidade de vacinação “sem improvisações”, assegurou ainda que a ‘task force’ da vacinação continuará a “fechar a norma” para impedir mais casos de vacinação abusiva.
“Em cada mil vacinas que foram administradas houve uma que não temos a certeza se cumpriu com as regras”, afirmou, sublinhando que “é preciso ter ideia desta proporção”.
No entanto, destacou que a DGS já adaptou a norma para combater os casos de vacinação indevida e que "o processo está controlado e é de sucesso.
O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo assumiu na semana passa a coordenação da Task Force do Plano de vacinação contra a covid-19.