Um simulacro de ataque bioterrorista na Parque Expo (Lisboa) testou esta sexta-feira um sistema de comunicação e gestão em crises. Polícias, bombeiros e emergência médica, entre outras entidades, cumpriram o treino e a única consequência negativa (e real) foi um almoço estragado com farinha numa esplanada.
No primeiro ensaio do simulacro, a farinha que imitava o pó de antrax foi lançada de um avião telecomandado e caiu em cima de uma esplanada, estragando o almoço a uma senhora.
A cliente chamou um agente da polícia para se queixar mas o episódio terminou sem problemas de maior, com a organização a disponibilizar-se para pagar o almoço estragado.
De acordo com o guião, a simulação começou no Hospital de Santa Maria, com a identificação de três pessoas «internadas» com crises respiratórias agudas. Depois de investigados os casos chega-se à conclusão de que teria havido inalação de antrax.
Ainda segundo o «cenário», face a este padrão de internamentos detectado pelo sistema de comunicações - e tendo em conta que decorria na Expo uma conferência internacional sobre o processo de paz no Médio Oriente - é decretada uma situação de alerta sobre um possível atentado.
Avião espalhou pó branco sobre grupo de 16 pessoas
Atrasado devido a um helicóptero que surgiu inesperadamente no cenário, o ataque simulado concretizou-se quando um avião telecomandado espalhou pó branco sobre um grupo de 16 pessoas, que incluam «pais» que iam buscar os seus «filhos» a uma escola nas proximidades.
Uma chamada para o número 112 fez accionar o dispositivo de segurança, que se iniciou com a Polícia de Segurança Pública (PSP) a cortar o tráfego na área e criar um perímetro de segurança e com os Bombeiros de Moscavide a delimitar a zona afectada.
Logo de seguida surgiram a unidade de controlo ambiental do Regimento dos Bombeiros Sapadores de Lisboa e viaturas do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Os bombeiros sapadores insuflaram uma tenda vermelha, para que o pessoal se equipasse com fatos isoladores e máscaras de gás, e montaram um chuveiro de descontaminação para homens e equipamentos que entraram na zona atacada.
Vítimas encaminhadas para tenda amarela do INEM
Depois de identificadas as «vítimas» que tiveram contacto com o pó, quatro pessoas foram encaminhadas para uma tenda amarela do INEM onde entregaram os seus pertences, foram lavadas e mudaram de roupa para depois serem assistidas por médicos na denominada «zona fria», onde foi montado um hospital de campanha.
As queixas mais comuns eram comichão no nariz e tosse e acabaram por ser transportadas para o Hospital de Santa Maria, a unidade de referência neste caso, explicou aos jornalistas Fátima Rato, responsável pela Comissão de Planeamento e Emergência de Saúde do INEM.
Em simultâneo, os bombeiros procediam à descontaminação e limpeza da área com hipoclorito de sódio (usado em lixívia) e recolhiam amostras para enviar para o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
As águas residuais foram recolhidas por bombas e - desconhecendo qual seria o produto em causa - as autoridades deixaram a zona e o equipamento em quarentena, explicou Telmo Fernandes, dos Bombeiros Sapadores de Lisboa. A força que entrou depois em acção foi a Polícia Judiciária, que recolheu provas do avião que entretanto se despenhou.
Num cenário a lembrar as séries televisivas que envolvem polícias científicas, os agentes vestidos de branco e com uma máscara a cobrir o rosto foram recolhendo provas.
Ataque de antrax simulado «arruina» almoço
- Redação
- Paula Lagarto, Agência Lusa
- 16 mai 2008, 18:51
Polícias, bombeiros e emergência médica testaram sistema de comunicações. Avião telecomandado falhou voo e acabou por encher de farinha 16 pessoas que estavam numa esplanada da Expo
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