Estudantes passam a noite na universidade em protesto

Dezenas de estudantes da Universidade de Évora iniciaram na terça-feira uma vigília contra o aumento das propinas, que se estende até de manhã, com a entrega de cheques gigantes ao conselho de reitores e à tutela.

«Queremos ver a questão do aumento das propinas revogada», reclamou o presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), Paulo Figueira, em declarações aos jornalistas no início do protesto, na terça-feira à noite.

O Conselho Geral da Universidade de Évora (UÉvora) aprovou, a 18 de abril, por maioria, um aumento de 37 euros nas propinas para o próximo ano letivo, fixando o valor máximo em 1.037 euros.

O reitor Carlos Braumann já tinha explicado à agência Lusa que «não se trata de um aumento» das propinas, mas da «atualização anual, de acordo com o Índice de Preços no Consumidor, como está previsto na lei».

«Em vez de aplicarmos este aumento noutras atividades, vamos aplicá-lo num fundo para apoiar alunos em dificuldades financeiras», tal como o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) tinha recomendado às instituições de ensino superior, realçou.

O presidente da AAUE manifestou-se contra este argumento, defendendo que «o Estado tem de garantir a gratuitidade de todos os sistemas de ensino e da ação social escolar e não devem ser os próprios estudantes a garanti-la».

Os estudantes começaram a juntar-se na Praça do Giraldo, considerada a «sala de visitas» de Évora, por volta das 22:00 e, 37 minutos depois, cumpriram 300 segundos de silêncio pelos cerca de 300 estudantes que abandonaram a UÉvora por motivos económicos e financeiros, segundo a AAUE.

Depois do «depenar» simbólico de uma pomba, símbolo da universidade, os alunos seguiram em cortejo para o Colégio do Espírito Santo, o principal edifício da academia, onde durante a madrugada promovem várias atividades, como tertúlias e largada de balões negros.

Para as 9:00 desta quarta-feira, está prevista a entrega na reitoria de um «cheque gigante» com o valor da propina e de um documento reivindicativo, seguindo-se a viagem para Lisboa para serem entregues os mesmos documentos ao CRUP e à tutela.