Advogado de Vara satisfeito com depoimento de diretor do BCP - TVI

Advogado de Vara satisfeito com depoimento de diretor do BCP

Segundo dia do julgamento Face Oculta (Lusa/Paulo Novais)

Virgílio Repolho foi ouvido em mais uma sessão do processo Face Oculta

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O advogado de Armando Vara no processo «Face Oculta» mostrou-se satisfeito com o depoimento de um diretor do BCP, considerando que «ganha credibilidade» a explicação do seu cliente para a expressão «25 quilómetros», usada por Manuel Godinho.

Ouvido como testemunha na 47ª sessão do julgamento que está a decorrer no tribunal de Aveiro, Virgílio Repolho declarou que o arguido Armando Vara, então vice-presidente do BCP, lhe tinha dito que teria sugerido ao sucateiro Manuel Godinho, principal arguido no processo, para fazer um depósito na conta, na casa dos 250 mil euros.

Para o responsável pela Direcção de Crédito Especializado no BCP, isso «ajudaria a concretizar» uma operação de factoring no valor de um milhão de euros, que estava a ser negociada com aquela instituição bancária, e que não chegou a concretizar-se, porque «não houve qualquer desenvolvimento por parte dos clientes».

Para a defesa de Vara, a referência ao depósito de 250 mil euros é a única explicação para a conversa telefónica intercetada pela Polícia Judiciária entre o ex-vice presidente do BCP e o empresário das sucatas, onde este lhe pergunta se quer para agora «os 25 quilómetros».

«Naquele contexto, uma das hipóteses era a referência a esta situação no banco, porque Armando Vara não vê outra», afirmou à Agência Lusa o advogado Tiago Rodrigues Bastos.

Segundo a defesa do ex-ministro socialista, «quilómetro» é um termo de calão utilizado na banca que se refere a dez mil euros, o que daria os 250 mil euros, o suposto valor do depósito que Godinho iria fazer no BCP.

Na tese do Ministério Público, estes quilómetros referem-se a 25 mil euros, dinheiro que alegadamente Manuel Godinho teria dado a Armando Vara para pagar o facto de lhe ter apresentado o administrador da EDP-Imobiliária, Domingos Paiva Nunes.

Questionado pelo juiz presidente Raul Cordeiro sobre a existência de uma gíria bancária para falar de dinheiro, o diretor do BCP disse não ser especialista nesta matéria, fazendo referência apenas a alguns documentos escritos que dizem que a letra «k» significa mil.

O juiz insistiu e perguntou a Virgílio Repolho se alguma vez tinha ouvido a expressão quilómetro, ao que este respondeu negativamente.

O defensor de Armando Vara desvalorizou este aspeto, realçando que a testemunha admitiu não estar familiarizada com o jargão bancário ou financeiro, o que, para o advogado, «significa que existe um jargão bancário ou financeiro».

«Penso que é do domínio comum que todos usamos diversas expressões para significar dinheiro. Em determinada altura falava-se em paus. Isto significa que há formas que as pessoas utilizam para se referir a dinheiro que não é precisamente o dinheiro», concluiu.
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