Violência infantil: risco é maior em famílias reconstruídas - TVI

Violência infantil: risco é maior em famílias reconstruídas

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Agressor «tende a ser do sexo masculino» e a forma de violência mais praticada é de natureza sexual

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O risco de casos de violência infantil em ambiente familiar é mais frequente em famílias reconstruídas do que em famílias nucleares, conclui um estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), citado pela Lusa.

Segundo o estudo, que abrangeu uma amostra de 100 crianças e jovens até aos 16 anos, oriundas da região Centro e diagnosticadas no Instituto de Medicina Legal de Coimbra, o agressor «tende a ser do sexo masculino» e a forma de violência mais praticada é de natureza sexual.

«A explicação mais plausível para a maior ocorrência de maus-tratos sobre as crianças em famílias reconstruídas, parece residir num efeito colateral, relacionado com a ausência de laços de vinculação estabelecidos desde o nascimento», sustentou o antropólogo Paulo Gama Mota, um dos autores da investigação.

Condicionantes do estudo

Os dados divulgados esta segunda-feira apontam para uma predominância (67 por cento) de maus-tratos dirigidos a raparigas, mais frequentes no grupo etário dos 10 aos 16 anos, 62 por cento do total, seguindo-se o grupo dos 6 aos 9 anos, com 21 por cento.

Os maus-tratos mais frequentes, para além do abuso sexual, englobam fracturas, queimaduras, rejeição e abandono.

Os investigadores do Departamento de Antropologia da FCTUC lamentam as condicionantes a que o estudo foi sujeito, nomeadamente a «impossibilidade» de recolha de dados junto das comissões de protecção de menores.

«A natureza confidencial dos processos e, em particular, a burocracia no acesso aos dados, incluindo as limitações de recursos humanos, impediram a obtenção de quaisquer dados junto dessas instituições», frisou Paulo Gama Mota.

Violência familiar ocorre em famílias de todos os níveis

Paulo Gama Mota não se mostra surpreendido pelos resultados do estudo, com excepção destes demonstrarem que a violência familiar ocorre em famílias de todos os níveis sócio-económicos.

«Ocorre em todos os níveis de educação das pessoas, o que é dramático. Imaginava que acontecesse, sim, em situações de vida mais difícil e onde não houvesse educação e formação», argumentou.

O estudo, denominado «Cinderela: do conto de fadas à realidade. Perspectiva sobre os maus-tratos infantis», incidiu sobre quatro domínios para contextualizar e caracterizar os maus-tratos, incluindo o grupo doméstico da criança e seu perfil.
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