Pobreza: cada vez mais famílias aflitas - TVI

Pobreza: cada vez mais famílias aflitas

Há cada vez mais portugueses a pedir ajuda alimentar

Do Porto até Faro, passando pelo Funchal, o cenário é igual: há casos muito difíceis e são cada vez mais

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O número de pedidos de auxílio alimentar solicitado por famílias do grande Porto tem crescido de «forma significativa nos últimos tempos», disse à Lusa Marco António, da Legião da Boa Vontade (LBV). Esta instituição distribui mensalmente cem cabazes com bens alimentares, mas tem havido muitos pedidos a que não tem sido possível responder, afirmou o mesmo responsável.

«Temos colocado mais bens em cada cesta, mas não temos possibilidade de aumentar o número de cabazes», frisou. Contudo, realçou, «em situações excepcionais recorremos ao cabaz de emergência, que em vez dos 24 quilos habituais contém apenas 12/13 quilos de bens alimentares».

«Recebemos casos muito difíceis, em particular de casais em que estão ambos desempregados», sublinhou. Marco António disse à Lusa que a instituição já ponderou alargar o número de famílias que apoia mensalmente, mas teve de recuar nessa sua intenção. «A crise nota-se também nas campanhas de recolha de bens que temos realizado», disse.

Pobreza envergonhada no Algarve

A pobreza envergonhada, ou seja, pessoas que tiveram no passado um estilo de vida elevado e perderam o nível de vida devido ao desemprego, excessivo endividamento ou outro problema são algumas das causas do aumento de pobres no Algarve. Em declarações à Lusa o presidente da Cáritas no Algarve, Carlos Oliveira, salienta que vai redobrar a atenção «para novos casos de pobreza» ou «agravamento de situações precárias».

«Temos de reforçar o nosso trabalho nas ajudas que estamos a dar, nomeadamente na ajuda medicamentosa, comida ou pagamento de casa, água e luz», considerou Carlos Oliveira. A Cáritas identificou no Algarve, nos últimos anos, 1.500 famílias a necessitar de ajuda, ou seja entre «três mil a quatro mil pessoas pobres» e precisam de apoio alimentar, ou ajuda medicamentosa, ou ajuda para pagar a casa, luz e água.

Beja: 565 famílias recebem ajuda alimentar

Em Beja, a Cáritas Diocesana distribui géneros alimentares a 565 famílias carenciadas e alimenta cerca de 35 pessoas por dia para aliviar as carências «substanciais e preocupantes» no concelho, onde os pedidos de ajuda têm aumentado, disse à Lusa a presidente da instituição, Teresa Chaves.

Os géneros alimentares, excedentes da União Europeia (UE) e provenientes das recolhas do Banco Alimentar, são distribuídos sobretudo por famílias numerosas e monoparentais ou em situações de desemprego ou baixos rendimentos. «Há casos de famílias que ficam com muito pouco ou até mesmo sem dinheiro para comprar alimentos depois de pagar despesas fixas», como a prestação da casa ou as contas de electricidade, água e gás, exemplificou a responsável.

«As situações de carência e os pedidos de ajuda têm aumentado», frisou Teresa Chaves, explicando que, «ultimamente, famílias que não fazem parte da lista de beneficiários dos excedentes da UE têm procurado a Cáritas a pedir ajuda e alimentos pela primeira vez».

Não há «pobreza miserável», mas famílias estão aflitas

O responsável pela Caritas Diocesana do Funchal afirma que deixou de existir a «pobreza miserável» na Madeira, mas que o número de pessoas em dificuldades financeiras vai agravar-se se persistir a escalada no aumento dos preços. Ainda assim, disse à agência Lusa José Manuel Barbeito, «ninguém de bom senso nega que existe pobreza, sobretudo consequência do desenvolvimento que levou a que uma franja da sociedade tenha ficado mais marginalizada».

O responsável da Cáritas fala ainda do crescimento de casos de pessoas em «situação aflitiva» por causa do endividamento, provocado pela evolução das taxas de juro com a habitação e aquisição de bens para lar. Esta instituição apoia mais de 300 agregados familiares, principalmente no Funchal, Câmara de Lobos e Santa Cruz.
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