Portugal teve um papel importante no Holocausto - TVI

Portugal teve um papel importante no Holocausto

Holocausto

Investigadores de todo o mundo debatem hoje e amanhã, em Lisboa, o envolvimento de Portugal no Holocausto

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Não se sabe muito bem qual foi o papel que Portugal representou no Holocausto, no entanto, uma coisa é certa: segundo investigadores da área, Portugal contribuiu na ajuda prestada aos judeus na sua fuga da Alemanha para os EUA, permitindo assim salvar muitas vidas.

Investigadores de todo o mundo estão hoje e amanhã reunidos, em Lisboa, sob o mote da conferência «Portugal e o Holocausto - Aprender com o Passado, Ensinar para o Futuro», organizada pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), Fundação Calouste Gulbenkian e Embaixada dos EUA.

Os objetivos passam por analisar todo o trabalho já realizado sobre o Holocausto, listar formas de ensinar esta fase da História aos jovens, e apontar áreas de investigação futura.

«É um tema aparentemente muito conhecido no estudo da História contemporânea, [mas], na verdade, está muito pouco tratado», disse à agência Lusa Isabel Capeloa Gil, da Universidade Católica. Segundo a investigadora, há estudos acerca do papel de Portugal no auxílio aos refugiados judeus na fuga da Alemanha hitleriana e da Europa ocupada durante a 2.ª Guerra Mundial.

Isabel Gil explicou à Lusa que Portugal foi um ponto de passagem, mas também um ponto de refúgio e muitos judeus perseguidos na Europa receberam auxílio de diplomatas portugueses, apesar da política de neutralidade estratégica do governo de Oliveira Salazar.

«Foi uma política de perseguição que, de certa forma, com responsabilidades, modos e níveis de consciência diferentes, acabou por associar-se a quase todos os países da Europa», que não tiveram uma resposta política imediata e não impediram que um genocídio desta escala tivesse tido lugar na Europa.

A especialista acredita que em Portugal «houve uma política de ajuda que podia ter sido melhorada e houve uma política de neutralidade que foi responsável por não terem sido salvas mais pessoas».

Para a presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), Maria de Lurdes Rodrigues, «Portugal desempenhou um papel muito importante no apoio aos judeus em trânsito para os EUA e o papel foi muito mais importante do que aquilo que é conhecido».

A presidente da Associação Memoshoá em Portugal, Esther Mucznik, salientou que, «apesar da dificuldade, a partir de certa altura, de receber refugiados, entraram muitas pessoas [em Portugal]. Salvaram-se muitas pessoas, devido à política portuguesa, mesmo complexa, de abertura das fronteiras».

A especialista recordou que, naquela altura, «ninguém queria abrir as portas aos judeus e só no final da guerra, quando se começou a saber o que se passava, os EUA e os Aliados começaram a ter uma política diferente».

Esther Mucznik realçou que, «muitas vezes, pensa-se que o Holocausto é uma coisa entre judeus e alemães, mas nada [é] mais errado [que] ver a questão só assim».

Os judeus foram as principais vítimas, os alemães os principais agressores, mas «o Holocausto é um dos acontecimentos históricos que mais põe em causa os valores nos quais assenta a civilização humana», frisou.
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