Quando todos os segundos contam - TVI

Quando todos os segundos contam

O PortugalDiário acompanhou um turno na ambulância do INEM. Durante oito horas vimos como é o dia-a-dia de quem luta contra o tempo para salvar vidas. Leia o relato das emergências, das dificuldades e dos truques para lidar com os casos que correm mal. E veja o vídeo

Relacionados
São 8.00 horas e na base do INEM do Hospital de São João no Porto é hora de troca de turno. Os rostos cansados dos elementos da equipa que está a sair dão lugar ao ar ensonado de quem está a começar o turno. Durante oito horas Abel Vieira e Cristina Silva vão tripular a ambulância e prestar assistência aos doentes. O PortugalDiário vai acompanhá-los.

Antes de sair, os TAE (Técnicos de Ambulância de Emergência) verificam todo o material que está na ambulância. Tudo o que é preciso para uma primeira abordagem ao doente tem de lá estar. São também os técnicos que estão responsáveis por limpar a ambulância e fazer uma revisão rápida ao veículo. Nada pode faltar, até porque a qualquer momento pode surgir uma chamada e «qualquer atraso pode custar vidas», conta Cristina Silva.

9.00 horas: Primeira chamada

A ambulância Porto 2 segue para a rua São Roque da Lameira para assistir uma jovem de 19 anos. Cátia (nome fictício) desmaiou na rua. Quando o INEM chegou, a jovem estava muito nervosa, mal conseguia falar. Os técnicos levaram-na de imediato para dentro da ambulância para a afastarem da confusão que estava na rua. Cá fora, o namorado de Cátia explicou à técnica do INEM que a jovem estava grávida e quando desmaiou dirigia-se precisamente para o médico para interromper a gravidez.

Enquanto Cristina estava cá fora, Abel tentava acalmar Cátia. «Para eu te ajudar, tens de me ajudar a mim. Tens de te acalmar», dizia o técnico do INEM, enquanto agarrava a mão da jovem. Explicou-lhe ainda que, se continuasse a respirar tão depressa, ia desmaiar de novo. Com a doente mais calma, Cristina conversou com Cátia. Enquanto isso, tentava reconforta-la ao afagar-lhe as costas. «Eu sei que esta é a melhor solução, mas queria que eles me deixassem em paz, queria que alguém me ouvisse sem julgar», contou então aos técnicos. O facto de uma mulher estar presente terá ajudado a doente a sentir-se mais à vontade para falar.

Cátia ficou mais calma, mas Cristina e Abel resolveram levá-la ao hospital onde irá também falar com um psicólogo.

10.43 horas: segunda chamada

A Porto 2 segue para a rua do Bonfim onde está um idoso com problemas respiratórios. Está acamado e quase não fala. São os familiares quem explica aos técnicos a situação. Há três dias tinha tido alta do Hospital de São João onde esteve internado com uma infecção respiratória. O problema agudizou-se e agora tem de voltar a ser hospitalizado, até por precaução, porque «nestas idades as coisas acontecem muito depressa. Tanto estão bem, como de repente...» Cristina não termina a frase até porque preferem nem pensar no pior, estão ali para ajudar.

No caminho para o hospital, Cristina acompanha o idoso. Vai falando com ele e tenta reconfortá-lo. Enquanto isso, é Abel quem conduz a ambulância. Depois do doente dar entrada na urgência do Hospital de Santo António, a equipa tem o primeiro momento de pausa do dia. Dez minutos que apenas chegam para tomar um café e comer alguma coisa. Ainda não tinha terminado quando a sirene, que serve de toque ao telemóvel de trabalho, anunciou mais uma chamada. Do outro lado está alguém do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes).

12.02 horas: terceira chamada

Desta vez é um caso de uma idosa com problemas respiratórios. A família já tinha um quarto preparado no hospital privado da Ordem do Carmo, mas o estado de saúde não permitia o transporte em viatura particular, até porque a senhora necessitava de oxigénio. Depois de uma conversa com a médica assistente por telemóvel, e de terem regulado o oxigénio, aconselharam a família a pedir uma ambulância privada, já que não podem transportar doentes para hospitais privados.

Leia a seguir a continuação
Continue a ler esta notícia

Relacionados