Médicos prescrevem medicamentos que não existem nas farmácias - TVI

Médicos prescrevem medicamentos que não existem nas farmácias

Medicamentos (arquivo)

Base de dados não corresponde à realidade dos fármacos e respetivos preços disponíveis no mercado

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Os médicos estão a prescrever eletronicamente aos utentes medicamentos que não existem nas farmácias, porque a base de dados utilizada por estes profissionais não corresponde à realidade dos fármacos disponíveis no mercado, denunciaram médicos e farmacêuticos, nesta segunda-feira.

Num comunicado conjunto da Ordem dos Médicos (OM) e da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), no qual são expressas diversas preocupações, estes profissionais relatam a existência de uma «diferença entre a informação das bases de dados dos princípios ativos a que os médicos e os farmacêuticos têm acesso no respetivo software».

«A base de dados utilizada para a prescrição eletrónica não corresponde à realidade dos fármacos e respetivos preços efetivamente disponíveis no mercado e, por consequência, nas farmácias», afirmam no comunicado, citado pela Lusa.

Segundo a OM e a AFP, trata-se de um problema que o INFARMED não consegue resolver, pois «não uniformiza a informação que disponibiliza aos diferentes níveis da cadeia de valor do SNS [Serviço Nacional de Saúde]».

O que acontece, então, é que o médico tem acesso a informação de fármacos que obtiveram a devida Autorização de Introdução no Mercado (AIM), mas que o laboratório não produziu nem disponibilizou no mercado.

«O resultado é que há muitos utentes a dirigirem-se às farmácias para adquirirem medicamentos prescritos que não existem à venda nas farmácias, ou cuja forma farmacêutica não corresponde àquela a que o médico teve acesso no momento da prescrição», explicam.

Esta situação, agravada pela «rigidez imposta pelas novas regras da receita eletrónica», está a gerar confusão e problemas para os profissionais e utentes, afirmam os responsáveis, alertando ainda que é nas farmácias - último elo da cadeia - que o utente «mais facilmente descarrega a sua revolta perante a comprovada ineficiência do sistema».

Por outro lado, as farmácias estão a ser penalizadas com «avultados prejuízos», em termos de faturação, já que as receitas médicas são consideradas incorretas pelo Centro de Conferências Nacional do SNS, que as devolve sem o devido pagamento da parte relativa à comparticipação do Estado, acrescentam.

Outra preocupação revelada por médicos e farmacêuticos tem a ver com risco de aumento da automedicação motivada pelo aumento das taxas moderadoras e pelo preço «anormalmente baixo» a que chegaram alguns medicamentos.

Para estes profissionais, «o impacto previsível de uma política do medicamento exclusivamente financeira, com a procura insana e obsessiva de cortar nas despesas do Estado, sem preocupação com as consequências negativas a vários níveis, só contribuirá para aumentar ainda mais a atual ineficiência do sistema».
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