Portugueses lêem mais jornais do que livros

Oito em cada dez portugueses lêem jornais, sobretudo diários generalistas, regionais e desportivos, e dão mais importância às notícias sobre problemas sociais, segundo um estudo que será apresentado esta terça-feira em Lisboa, mas já revelado pela agência Lusa.

Intitulado «A leitura em Portugal», o estudo foi realizado pelo Observatório das Actividades Culturais e será apresentado hoje na conferência do Plano Nacional de Leitura, a decorrer desde segunda-feira na Fundação Calouste Gulbenkian. O estudo incidiu sobre um universo de 7,5 milhões de habitantes, residentes no continente, com 15 anos ou mais e que sabem ler e escrever. A amostra corresponde a 2.252 entrevistas feitas entre Novembro de 2006 e Janeiro deste ano.

O estudo dá conta que a esmagadora maioria dos portugueses (83 por cento) lê jornais, seguindo-se revistas (73 por cento) e livros (57 por cento). Comparando com as estatísticas de 1997, a comunidade de leitores de jornais cresceu vinte por cento nos últimos dez anos e a das revistas seis por cento.

Uma das causas apontadas poderá ser o aparecimento de vários títulos de jornais de distribuição gratuita, que representam 23,2 por cento do tipo de imprensa lida pelos portugueses. Segundo o estudo, os homens lêem mais jornais, enquanto as mulheres preferem as revistas. Quem lê jornais tem entre 25 e 54 anos, é trabalhador activo e tem o ensino secundário.

Do lado das revistas, são as mulheres que mais as lêem, têm entre 15 e 24 anos, o terceiro ciclo do ensino básico e secundário e são estudantes.

Os jornais são lidos sobretudo em cafés e restaurantes (61,9 por cento) e em casa (61,3 por cento). Predomina a leitura de jornais diários generalistas e de informação (66,9 por cento), seguindo-se os regionais/locais (36,4 por cento) e os desportivos (30,9 por cento).

Os assuntos preferidos dos portugueses nos jornais são sobre problemas sociais (68,9 por cento), desporto (52,9 por cento), assim como entrevistas (52,4 por cento) e artigos de opinião (51,7 por cento). Os jornais de distribuição gratuita figuram em quatro lugar, com 23,2 por cento.

No que toca às revistas, as mais consumidas são as de temáticas femininas (36,6 por cento) e de informação geral (20,6 por cento), são lidas maioritariamente em casa e pelo menos uma vez por semana.

Menos livros lidos

Os portugueses passaram a ler mais nos últimos dez anos, mas a maioria lê muito mais jornais e revistas do que livros. O estudo revela que 57 por cento dos portugueses (cerca de 4,2 milhões de habitantes) lê livros, mas a média é de duas a cinco obras literárias por ano. Apenas sete por cento lê anualmente entre 11 e 20 livros, excluindo livros escolares.

Apesar de, nos últimos dez anos, ter havido um aumento de sete por cento da leitura de livros, os jornais (83 por cento) e as revistas (73 por cento) são os suportes preferidos dos portugueses. Segundo o estudo, são sobretudo as mulheres que lêem livros (64 por cento contra 49 por cento dos homens), têm entre 15 e 24 anos, o ensino médio e superior e são maioritariamente estudantes (87,5 por cento).

A maioria (96,3 por cento) gosta de ler em casa, mas apenas 45,8 por cento dedica diariamente cerca de meia hora à leitura, seja de livros, jornais ou revistas. Nove em cada dez inquiridos dizem possuir livros, sobretudo enciclopédias, livros escolares, culinária/decoração e romances de amor. A preferência vai para livros de autores portugueses e só depois escritores estrangeiros traduzidos para português.