Família de advogado assassinado diz que ele só queria ver a filha - TVI

Família de advogado assassinado diz que ele só queria ver a filha

Tribunal

Cláudio Mendes foi morto pelo ex-sogro num parque de Oliveira do Bairro quando aguardava a chegada da menina, então com três anos

Relacionados
A mãe e a namorada do advogado Cláudio Mendes, assassinado a 5 de fevereiro de 2011 pelo ex-sogro, no Parque da Mamarrosa, Oliveira do Bairro, descreveram-no, nesta terça-feira, no Tribunal de Anadia, como uma pessoa normal, apenas angustiada pelo afastamento da filha.

A sanidade mental do arguido não foi, até agora, questionada, ao contrário da situação da vítima. As duas testemunhas, ouvidas no julgamento de Ferreira da Silva, acusado de ter morto a tiro Cláudio Mendes, numa das suas visitas à neta do arguido, foram unânimes em afirmar que a vítima só começou a andar transtornada após o nascimento da filha e devido às dificuldades que lhe foram criadas para conseguir estar com a criança.

Celso Cruzeiro, advogado de defesa, tentou explorar o facto de ter sido pedido o internamento compulsivo de Cláudio Mendes, por alegada agressividade. A mãe da vítima explicou ao Tribunal que assinou o pedido para que o filho tivesse descanso, porque andava angustiado e já nem comia, e que ficou contente por, no Hospital de São João, terem concluído que o internamento não se justificava.

Isabel, a mãe da vítima, relatou mesmo que foi o arguido quem lhe telefonou a aconselhar que levasse o filho ao médico, enquanto a então namorada de Cláudio foi taxativa a dizer que ele andava deprimido, passava até dias sem sair da cama, mas nunca lhe conheceu nenhuma atitude violenta.

Uma confidência da vítima foi relatada: já com as relações deterioradas e após uma visita, supostamente para poder estar com a sua filha, em que estavam várias pessoas presentes ligadas à família da mãe da criança, comentou que poderia vir a precisar de arranjar um colete à prova de bala.

Afirmação premonitória a que ninguém deu grande importância, apesar do ambiente hostil e do passado militar de Ferreira da Silva (o arguido foi instrutor de operações especiais em Lamego) e de possuir pelo menos uma arma de que veio a fazer uso na visita seguinte, descarregando-a sobre Cláudio Mendes.

A defesa tem procurado demonstrar que Cláudio Mendes sofria de problemas do foro psiquiátrico, podendo tornar-se numa pessoa violenta, o que Ferreira da Silva terá temido ao ir armado para o encontro fatal de 5 de fevereiro de 2011.

Já o próprio arguido, ao ser ouvido em Tribunal, havia feito declarações no mesmo sentido, justificando ter aberto fogo devido a um movimento de Cláudio Mendes com algo que detinha na mão direita, que presumiu ser uma arma.

Pela descrição feita por outra testemunha que filmou os acontecimentos, tratava-se, afinal, de um saco com restos de pão que Cláudio tinha levado para a filha dar aos patos do lago do parque da Mamarrosa, onde se deu a tragédia.
Continue a ler esta notícia

Relacionados