«50 a 60 mil professores não entregam objectivos» - TVI

«50 a 60 mil professores não entregam objectivos»

Fenprof contraria dados apresentados pelo Ministério da Educação e denuncia clima de «medo» nas escolas

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A Fenprof continua a contrariar os números que vão sendo apresentados por Maria de Lurdes Rodrigues. Depois do Ministério da Educação ter comunicado que «a maioria» dos professores já tinha entregue os objectivos individuais, Mário Nogueira segue em sentido contrário e até diz que muitos dos que entregaram fizeram-no «por medo».

Estes dados foram avançados em conferência de imprensa no final de um Conselho Nacional da Federação Nacional de Professores, que decorreu em Lisboa. «Das contas que fizemos chegamos à conclusão que entre 50 a 60 mil professores não vão entregar os objectivos individuais», frisou, garantindo que o objectivo continua a ser «suspender este modelo de avaliação».

Neste momento, aliás, «apenas um terço das escolas fechou o processo», pelo que a estimativa acima avançada até pode vir a subir nos números finais. Nos estabelecimentos de ensino onde o prazo já terminou, «40 a 50 por cento» não entregou.

«Existe um clima de medo nas escolas e muitas pessoas acabaram por entregar os seus objectivos, o que não quer dizer que estejam de acordo com este modelo. É preciso dizer que não é verdade que não seja possível ser avaliado se não forem entregues os objectivos», vincou o secretário-geral.

Na opinião da Fenprof, «o Ministério assenta no medo toda a sua estratégia», por isso «os professores que se sentiram forçados a entregar sentem-se ainda mais revoltados com todo este processo. Fizeram-no por medo».

Mário Nogueira não se cansa de dizer, de explicar, por isso pretende fazer sessões em todo o país para demonstrar aos professores que «não acontece nada se não entregarem os objectivos individuais».«Accionaremos todos os mecanismos jurídicos e judiciais, recorrendo aos tribunais, se algum professor não for avaliado ou impedido de entregar a ficha de auto-avaliação por não ter entregue os objectivos individuais», acrescentou.

A sua convicção é que todo este processo vai mesmo terminar sem sucesso, considerando-o mesmo uma «fantochada», enquanto enjeita mais uma frase forte: «Para este Governo o prémio de caça seria entregar a cabeça dos professores, esmagados pelas evidências. Mas isso não vai acontecer».

Novas formas de luta

A luta vai continuar, por isso a Fenprof já definiu alguns objectivos para os próximos tempos, que passam por sessões de esclarecimento, apelos, aposta na frente jurídica, a apresentação do livro negro (primeira quinzena de Março), a entrega de uma carta reivindicativa a todos os partidos (Maio), um pedido de audiência ao Presidente da República e a criação de um cordão humano que ligue o Ministério da Educação, o Parlamento e o Palácio de S. Bento.

Daí para a frente, nomeadamente no terceiro período, as iniciativas sairão dos professores, «caso o processo avance até essa altura». Em todo o caso, Nogueira não aceita que se pense que os professores estão a baixar os braços: «Não entregar os objectivos individuais não é um acto simbólico, mas um acto de luta. Não há desmobilização, mas um sentimento de revolta ainda maior».
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