«É preciso reprimir», diz superpolícia

O homem responsável pela coordenação da segurança interna do país pede penas mais duras para os jovens delinquentes menores de 16 anos. Mário Mendes, secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, defende mesmo que é preciso «reprimir» incidentes como os que marcaram os últimos dias no bairro da Bela Vista, sob o risco de «futuramente» terem uma «evolução ainda maior».

«Esta [confrontos na Bela Vista] é uma situação de raiz social. É preciso reprimir este tipo de atitudes e intervir socialmente para evitar que elas futuramente tenham uma evolução ainda maior», declarou o responsável à margem da conferência «Liberdade e Segurança» que decorrer em Lisboa.

A repressão solicitada por Mário Mendes passa essencialmente por um maior controlo dos menores que são muitas vezes os responsáveis pela criminalidade violenta, como os assaltos à mão armada, crimes que provocam grande alarme social. «São necessárias medidas de internamento compulsivo acompanhadas por medidas de reabilitação e com uma duração mais longa», disse em declarações aos jornalistas, considerando que «já existem algumas instituições preparadas para esse feito», no entanto, serão eventualmente necessárias mais».

«Actos irreflectidos e espontâneos»

O responsável pela segurança interna considerou também que os incidentes no Bairro da Bela Vista não têm um cariz organizativo, no entanto, ressalva a possibilidade de este tipo de violência voltar a surgir, até porque o efeito mimético não pode ser desvalorizado.

«Julgo que são actos, mais ou menos, irreflectidos e espontâneos, sem nexo de organização», referiu. «Não há elementos que nos permitam dizer que isto se vai repetir, mas não podemos também deixar de estar atentos», referiu. «O efeito mimético destas situações não pode ser excluído, mas não há indicadores que apontem nesse sentido ou façam prever uma situação de pânico», destacou.

O superpolícia salientou também que as características dos incidentes da Bela Vista não revelam uma estrutura organizada de actuação, como aliás também referiu o director nacional da PSP, esta segunda-feira. «Eu não acho que haja organização nenhuma. Há um substrato de violência nesse tipo de pessoas que quando as situações se despoletam vêm ao cimo. É uma característica de uma actuação em massa».

Mário Mendes rejeitou ainda que a origem dos tumultos registados tivesse alguma relação com a crise. «Na génese está um problema social, não tem nada a ver com crise. Não é a crise que despoleta o crime».

Actualizada às 19h55