«Hipnose a sério»

Alterar a imagem de banalização da hipnose que os programas televisivos incutiram na sociedade, apresentando-a com as suas bases científicas é o objectivo de um simpósio ibérico a decorrer quinta e sexta-feira na Universidade de Coimbra.

«Quisemos trazer ao público em geral e dos profissionais de saúde uma visão do que é a hipnose, e o que actualmente em termos de investigação e de prática clínica existe de sério», declarou à agência Lusa Carlos Lopes Pires, professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

Segundo o docente e organizador, igualmente orientador de um workshop no I Simpósio Ibérico de Hipnose, «alguns programas de televisão têm contribuído para apresentar a hipnose como algo paranormal e esotérico».

«Pretendemos esclarecer algumas coisas, sobre quem deve utilizar a hipnose, o que existe de comprovado e como se deve utilizar em termos de saúde», explicou. De acordo com Carlos Lopes Pires, actualmente a hipnose a nível internacional é um assunto de grande interesse e de investigação das escolas de psicologia.

«Durante muitos anos tem estado entregue a pessoas afastadas da psicologia, que a tem utilizado de forma burlesca. Há pessoas que aprenderam as técnicas da hipnose sem sustentação na área da saúde. São matemáticos, engenheiros, ou de outras profissões», salientou.

Carlos Lopes Pires sustenta que a hipnose, que tem na psicologia a sua fundamentação, «não é uma panaceia», e tem de ser utilizada «de forma séria e científica. Não pode ser utilizada fora dos contextos profissionais».

«O que a justifica é ter a sua área de base na área da saúde», referiu, acrescentando que o uso da hipnose para fins clínicos tem ocorrido no domínio da dor e em tratamentos psicológicos empiricamente validados.