Noite Branca: PJ «explica» cena do homicídio - TVI

Noite Branca: PJ «explica» cena do homicídio

Hugo Rocha, um dos suspeitos do homicídio do segurança da discoteca «El Sonero»

Inspector afirma que provas mostram que foi Hugo Rocha quem matou Nuno Gaiato

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Especialistas da Polícia Judiciária explicaram esta quarta-feira em tribunal porque é que, mediante a análise dos vestígios e das reconstituições realizadas, acreditam que Hugo Rocha, um dos três arguidos, foi o autor dos tiros que vitimaram Nuno Gaiato, segurança da discoteca El Sonero, em Julho de 2007.

«A nossa convicção é que foi Hugo Rocha quem disparou», disse o inspector Pedro Camarinha. Pela análise dos vestígios, a PJ assegura que «só foram disparadas duas armas: um revólver de calibre 38, do Nuno Gaiato, e uma semi-automática de calibre 7.65 mm». O inspector assegurou ainda que Nuno Gaiato apenas disparou duas vezes, tendo tentado um terceiro disparo, que não foi concretizado. Já da outra arma, saíram oito disparos, sendo que cinco atingiram o segurança do El Sonero.

Apesar de não conseguir determinar qual deles disparou primeiro, o inspector da PJ afirma que Nuno Gaiato e Hugo Rocha dispararam um contra o outro através de uma porta de vidro. Estes terão sido os primeiros tiros e se os que foram dirigidos a Nuno Gaiato de fragmentaram sem lhe acertar, Hugo Rocha já não teve a mesma sorte e foi atingido por um dos disparos. Foi aliás, a posição do arguido no momento em que foi atingido (que este próprio indicou na reconstituição do crime), assim como as marcas deixadas nos móveis e nos vidros, que permitiram à PJ estabelecer os ângulos e os sentidos dos disparos. Por esta análise, os investigadores afirmam que «é altamente improvável» que pudesse ser Alberto Ferreira (conhecido como Berto Maluco) o autor dos disparos.

Depois deste tiroteio, e segundo a tese da PJ, Hugo Rocha terá caído ou pelo menos ter-se-à baixado atrás de um móvel. Terá sido desse local que fez os disparos seguintes contra Nuno Gaiato, que tentava fugir da cozinha. A primeira bala acertou na parede, as duas seguintes atingiram a vítima no colete à prova de bala que vestia, e as três seguintes conseguiram atingir Nuno Gaiato. A trajectória ligeiramente ascendente dos tiros (sendo Berto Maluco mais alto do que a vítima e Hugo Rocha, além de ser mais baixo ter estado baixado) e o facto de o arguido (Hugo Rocha) ter vestígios de pólvora na parte de cima dos ténis (que indicam um disparo de uma arma muito próximo dos pés) são outros dos argumentos que a PJ usa para corroborar a afirmação.

Juízes, advogados, PJ e arguidos visitam local do crime

Luís Vaz Teixeira, advogado dos arguidos, pôs em causa a tese da PJ e quis saber se não haveria nenhuma hipótese de ter sido mesmo Berto Maluco o autor dos tiros. «Na reconstituição, o arguido coloca-se precisamente nos locais em que os tiros foram disparados, mas coloca sempre Berto Maluco ao lado dele, como sendo o autor dos disparos, mas isso não é provável».

As questões do advogado de defesa e eventualmente algumas dúvidas dos próprios juízes, levaram o colectivo a marcar uma deslocação ao local do crime na próxima semana, com a presença de alguns inspectores da PJ que são testemunhas no processo, bem como com os arguidos (Hugo Rocha, José Santos - Timóteo- e Vasco Cardoso), para serem prestados mais esclarecimentos.

Investigadores tiveram que vir de Lisboa

A primeira testemunha da tarde, Vitor Hugo Ferreira, foi um dos elementos da PJ a estar no El Sonero na noite do crime. Responsável pelo croqui e pela reportagem fotográfica, a testemunha explicou que, os impactos de balas nas paredes e móveis foram apenas fotografados nessa altura. Para fazer a análise balística que estabeleceu as trajectórias dos disparos foi preciso virem especialistas de Lisboa, do Laboratório de Polícia Criminal.

Quando estes responsáveis estiveram no local já não foi possível analisar o vidro original (que tinha quatro buracos de balas). Tiveram assim que fazer os exames (utilizando lazer e cálculos matemáticos), mediante as fotografias e as medições realizadas pelos colegas na noite do crime.
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