«Não era por acaso que lhe chamavam Berto Maluco» - TVI

«Não era por acaso que lhe chamavam Berto Maluco»

Hugo Rocha, um dos suspeitos do homicídio do segurança da discoteca «El Sonero»

Primeiro homicídio do processo «Noite Branca» começou a ser julgado

Relacionados
Hugo Rocha, um dos acusados da morte de Nuno «Gaiato», o segurança da discoteca El Sonero, cujo homicídio foi o primeiro de vários episódios de violência que marcaram a noite do Porto, negou esta quarta-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto, ter sido o autor do tiro fatal. «Eu não estava armado», contou o arguido que na altura também era segurança.

Segundo a tese da acusação, Alberto Ferreira (conhecido como Berto Maluco), Hugo Rocha, José Santos (conhecido como Timóteo) e Vasco Cardoso (Vasquinho) terão ido à discoteca El Sonero, onde trabalhava a vítima, com a intenção de matar. Perante o colectivo de juízes, Hugo Rocha contou uma história diferente. O arguido afirma que foi à discoteca com os restantes arguidos (Timóteo e Vasquinho) para acompanhar «Berto Maluco», que também acabou por ser vítima de homicídio (alguns meses mais tarde do episódio que está a ser julgado). «Ele era amigo do Nuno e disse que queria ir lá falar com ele. Achei que era uma conversa normal», garantiu Hugo.

Hugo contou que logo que chegaram ao El Sonero, «o Nuno apontou a arma ao Berto». O arguido negou também que estivesse armado com a pistola 7, 65 milímetros, que, segundo a acusação, Hugo terá usado para matar a vítima. «Eu não estava armado, nem tive, nem tenho arma», afirmou o arguido, que tinha anteriormente dito ao tribunal ter um processo pendente por posse ilegal de arma. Garantiu também que na altura, Berto não empunhava nenhuma arma, apesar de andar constantemente armado e fazer questão de «que toda a gente soubesse». «Ele andava sempre com uma faca e tinha muitas vezes uma arma, mas na altura nem pensei se ele estaria armado ou não», contou ao colectivo.

«Tinha um feitio extremamente violento»

O arguido contou depois que «o Nuno ia recuando e o Berto ia avançando», para o interior da discoteca. «Eu, fiquei ali quieto», garantiu Hugo, que explicou então que os seguiu depois «para tentar acalmar a situação», como diz ter feito muitas vezes antes com Alberto Ferreira. «Ele era meu amigo, mas tinha um feitio extremamente violento. Não é por acaso que lhe chamavam Berto Maluco», disse o arguido, que adiantou que, pelo que ouviu da vítima, Gaiato era igualmente conflituoso. «O Vasco e o Timóteo ficaram lá atrás, nem sei se viram o que se estava a passar», contou.

Hugo conta então que viu Gaiato e Berto desaparecer por uma porta, tendo então ido atrás deles. «Desci as escadas e vi-os numa despensa. Ao chegar à porta, o Nuno, talvez tendo-se assustado por me ver, disparou um tiro». O arguido conta que, mesmo nessa altura, não viu Berto empunhar nenhuma arma.

Na sequência do tiro, que Hugo afirma não lhe ter acertado, o arguido disse então ter fugido para trás, para a cozinha que ficava entre a despensa e as escadas, que, por se encontrar «às escuras», pensou tratar-se se um corredor. «Eu fugi para trás, o Berto veio atrás de mim e depois vi-o disparar contra a porta da despensa», contou, dizendo que só então, quando Nuno Gaiato, que tinha ficado na despensa, não estava a ver, Alberto Ferreira terá sacado da arma.

Logo depois, Hugo explicou que foi atingido por um tiro disparado por Gaiato quando saía a despensa. «Eu caí, o Berto passou por cima de mim, e continuei a ouvir tiros. Então rastejei de volta para a despensa», contou Hugo. «Quando os tiros pararam, o Berto veio puxar-me para cima e foi quando vi o Nuno caído no chão», conta.

Hugo contou depois que os amigos o levaram ao hospital, mas «o Berto nem esperou. Arrancou de portas abertas e tudo», deixando Hugo com Vasco e Timóteo. «Ele depois disse-me que tinha ido enterrar a arma e arejar o carro que cheirava muito a pólvora».

Luis Vaz Teixeira, advogado de defesa de Hugo Rocha, frisou que no exame feito pela PJ nesse dia, o arguido não tinha vestígios de pólvora nas mãos, na cabeça, nem na cara. «Tinha apenas nas sapatilhas, mas o relatório não diz se na sola ou no dorso», afirmou.
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE