A remodelação do espaço que agora alberga a investigação criminal da Divisão da PSP de Sintra, que funciona no Cacém, foi feita pelos próprios agentes. Foram eles que compraram tintas e outros materiais e foram eles que realizaram as obras. A situação foi confirmada ao tvi24.pt pelo presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, apesar dA Direcção Nacional da PSP negar esta situação.
«As instalações são muito más. Não têm condições nenhumas para a investigação criminal. Põe-se em causa o próprio sigilo dos processos», argumenta Paulo Rodrigues.
As paredes que separam os diferentes gabinetes são de «pladur» e permitem ouvir o que se passa na divisória vizinha. É possível ouvir com clareza as conversas e mesmo entrevistas a testemunhas e suspeitos. Seria bem pior, sem as obras que o responsável sindical garante terem sido efectuadas pelos agentes policiais.
Contactada pelo tvi24.pt, a Direcção Nacional da PSP assegura que os trabalhos na Esquadra do Cacém não foram efectuados pelos agentes. A direcção da polícia admite que o «som não é completamente estanque», mas, «numa conversação normal», as paredes «de gesso cartonado» asseguram a «confidencialidade pretendida», é defendido.
Agentes obrigados a «pedinchar» móveis
Exemplo semelhante é o da divisão de investigação criminal do Porto. «As instalações foram equipadas com mobiliário que os agentes andaram a pedinchar a bancos e instituições públicas. É material usado e muitas vezes degradado, mas é melhor ter uma mesa degradada do que não ter nenhuma», disse Paulo Rodrigues.
O sindicalista diz que estas situações «estão dentro da tradição da PSP e são transversais a todo o país». «Portugal está agora em crise, mas a polícia está em crise há muitos anos. Parecem histórias de países do terceiro mundo», diz Paulo Rodrigues.
«Desconsideração» na atribuição de viaturas
Nas declarações ao tvi24.pt, o responsável da ASPP/PSP considerou que «a investigação criminal tem sido um pouco desconsiderada». Paulo Rodrigues falava nomeadamente da atribuição de viaturas. O departamento de investigação criminal da Amadora, uma das zonas socialmente mais complicadas para a PSP, está sem carros descaracterizados. Situação quase idêntica à de Sintra, outra zona complicada, onde há apenas uma viatura de substituição.
A Direcção Nacional da PSP nega haver falta de carros e afirma que, «a investigação criminal de Sintra possui seis viaturas afectas ao seu serviço. Destas, quatro estão operacionais e a rodar». A PSP adianta ainda que esta sexta-feira será entregue mais uma viatura a esta esquadra.
Também no que respeita à questão das viaturas, e sobre o caso da esquadra da Amadora divulgado na quarta-feira na Comunicação Social, a PSP garante que também aqui há seis viaturas atribuídas, sendo que «três estão operacionais e a laborar».
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Polícias pagam material e remodelam esquadra
- Redação
- Cláudia Costa
- 25 jun 2009, 18:42
![PSP detém menores suspeitos de assalto e violação](https://img.iol.pt/image/id/12368220/1024.jpg)
Sindicato denuncia caso fala em perigo para o sigilo dos processos. Direcção da PSP nega
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