Loures: marcas de bala nos estores, lixo e estilhaços - TVI

Loures: marcas de bala nos estores, lixo e estilhaços

  • Redação
  • Helena Neves, da Agência Lusa
  • 14 jul 2008, 13:55
Bairro da Quinta da Fonte

Tensão no bairro da Quinta da Fonte é bem visível. Autarquia tenta realojamento temporário de famílias ciganas

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«Mais respeito, civismo e educação» entre a comunidade da Quinta da Fonte seria para alguns moradores a chave para atenuar os conflitos que se vivem naquele bairro de Loures, onde os furos de bala nos estores das janelas denunciam a «tensão» vivida na zona.

Quatro dias depois dos desacatos que envolveram meia centena de indivíduos de dois grupos - e que provocaram nove feridos - ainda são visíveis as marcas do confronto: vidros partidos, estilhaços no chão, carros com pneus furados e lixo nas ruas, imagens que contribuem para um cenário desolador e observado por muitos moradores por detrás dos vidros das janelas.

A pouco e pouco a normalidade vai regressando ao bairro, vão surgindo algumas conversas entre os moradores, a maioria dos quais de etnia africana. A comunidade cigana, segundo relatos de moradores desta etnia, já abandonou o bairro.

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A maioria do comércio está encerrada e segundo o proprietário de uma mercearia esta situação deve-se a actos de vandalismo e assaltos perpetrados por delinquentes.

O proprietário da mercearia conhecido como «Johnny» relatou à Lusa vários incidentes que já aconteceram no bairro e que - ao contrário desta na semana passada - não tiveram divulgação na comunicação social, recordando o assassínio de um motorista de táxi e vários tiroteios.

«Mão pesada» e uma esquadra no bairro

«Vivo aqui há 10 anos e já vi muitos filmes protagonizados por delinquentes, que roubam desde crianças a idosos», contou. «Johnny» diz que está cansado de viver num bairro onde a tensão é permanente mas reconhece que é difícil sair porque «ninguém quer arriscar abrir um comércio num bairro deste tipo».

Para resolver o problema o proprietário da mercearia defende que tem de haver mão pesada para quem prevarica. «A única maneira é a mão pesada para quem pratica este tipo de crimes e uma esquadra no bairro», disse, resumindo as suas soluções para melhorar o ambiente no bairro.

Outros moradores, como Orlando - que vive na Quinta da Fonte há 12 anos, apontam ainda outros problemas como o excesso de velocidade praticado nas ruas principais do bairro, que fazem delas autênticas auto-estradas. «Muitas crianças não podem sequer brincar na rua. Eles não respeitam nada, atingindo velocidades elevadíssimas e muitos sem carta de conduções».

Esta segunda-feira a presença policial no bairro era discreta e via-se apenas algumas pessoas da junta de freguesia da Apelação a recolherem o lixo espalhado pelas ruas nos últimos dias.
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