Felgueiras diz que era a autarca-modelo - TVI

Felgueiras diz que era a autarca-modelo

Horácio Costa à chegada ao julgamento (foto Estela Silva/Lusa)

Autarca garante que acusação do processo saco azul onde é arguida assenta numa «estratégia de poder habilmente montada» pelo seu antigo assessor

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A presidente da Câmara de Felgueiras disse no tribunal que toda a acusação do processo saco azul onde é arguida assenta numa «estratégia de poder habilmente montada» pelo seu antigo assessor, Horácio Costa.

«É uma história triste e falsa de alguém que, com ânsia de poder, enveredou pela vingança», sublinhou Fátima Felgueiras no período reservado às últimas declarações dos arguidos.

«Tenho a profunda convicção de que nunca pratiquei nenhum crime enquanto presidente da Câmara», acrescentou a edil.

A edil considerou que a tese de Horácio «era um cozinhado que tinha tudo de bombástico, através da instrumentalização da comunicação social».

Segundo a autarca, o seu antigo assessor, com as denúncias que foi protagonizando no início do processo, apenas pretendia alcançar o seu principal objectivo, que era ser presidente da Câmara, contando para tal com o apoio do seu cunhado e chefe de gabinete da presidência, António Bragança, e do seu irmão Orlando Costa, ex-líder do grupo parlamentar do PS na Assembleia Municipal.

«Horácio nunca foi uma pessoa da minha confiança e isso é que lhe deu cabo da cabeça», considerou.

Autarca-modelo

Fátima Felgueiras fez, por outro lado, um auto-elogio, afirmando que à data dos factos era considerada uma autarca-modelo em Portugal e que até era prestigiante para os governantes de então visitarem Felgueiras.

A presidente da Câmara insistiu que sempre disse a verdade ao tribunal, explicando que não pode sentir qualquer arrependimento porque não cometeu qualquer ilícito criminal.

Fátima Felgueiras disse estar convencida de que a Polícia Judiciária (PJ) foi permanentemente enganada por uma versão falsa que foi contada a conta-gotas por Horácio Costa.

A presidente lembrou no final que tem 54 anos de vida e que «nunca a monstruosidade que foi montada contra si será reparada». Apelando à sua absolvição, considerou que só assim será reposta a sua honra.

«Não cometi nenhum crime»

«Nunca houve da minha parte qualquer tentativa de enganar o tribunal. Tudo o que disse é a mais pura e absoluta verdade», afirmou o antigo assessor da presidente Fátima Felgueiras na Câmara local, Horácio Costa.

Horácio Costa, que falava no período reservado às últimas declarações dos arguidos, negou também que alguma vez tenha tentado condicionar as investigações da Polícia Judiciária (PJ) uma tese avançada por vários advogados neste processo.

Horácio considerou ainda que alguns defensores de outros arguidos, nomeadamente os advogados de Fátima Felgueiras e do antigo presidente da autarquia, Júlio Faria, tentaram, durante as alegações finais, denegrir a sua imagem, lançando confusões sobre as suas declarações.

«A minha versão dos factos, ao longo dos anos, sempre foi a mesma. Há aqui uma vontade intrínseca de me envolver nestes assuntos para que eu seja um elo de uma cadeia à qual nunca pertenci», insistiu.

«Dei o corpo às balas»

Horácio Costa reafirmou que não está neste processo por uma questão de vingança. «Eu estive aqui no campo de batalha e dei o corpo às balas. Eles [advogados] estiveram nas trincheiras e pedem agora a vitória na secretaria», enfatizou ao colectivo.

O arguido disse não perceber porque responde neste processo pela prática de dois crimes de participação económica em negócio, afirmando que quando recebeu o dinheiro da empresa Resin, mais tarde encaminhado para o saco azul, estava a cumprir ordens da presidente da Câmara e desconhecia o eventual ilícito criminal que estaria por detrás da situação. «Não cometi nenhum crime porque não agi maliciosamente», acrescentou.

Horácio pediu a sua completa absolvição para poder recuperar o que perdeu ao longo dos oito anos que dura este processo.

Nas alegações finais deste processo, o procurador Pinto Bronze pediu ao Colectivo a condenação da presidente da Câmara de Felgueiras a uma pena de prisão não inferior a sete anos.
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