Manifestação: «vamos continuar a lutar» - TVI

Manifestação: «vamos continuar a lutar»

Manifestação de trabalhadores

Trabalhadores em protesto no Porto. Cerca de 1500 pessoas protestaram contra o novo código do trabalho

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À tarde, cerca de 1500 trabalhadores manifestaram-se no Porto. Concentraram-se na rotunda da Boavista e desceram pela avenida, até ao ministério do trabalho. Não era a maior manifestação de trabalhadores dos últimos tempos, mas não deixou de causar impacto na cidade.

Aos megafones gritavam-se palavras de ordem, que não só eram repetidas, mas também sentidas, se não por todos, pelo menos por muitos dos manifestantes: «O trabalho é um direito, sem ele nada feito», «está na hora, está na hora de esta política ir embora» ou «pela negociação, contra a imposição».

Em surdina, uma jovem comentava para outra, que também fazia parte do protesto: «Nunca imaginei um dia vir a uma manif. O mais provável, é que não faça diferença¿ mas precisávamos tanto que fizesse».

Empunhando bandeiras da CGTP e cartazes com o nome do sindicato ou da empresa em que trabalham, manifestantes de todas as idades mostraram o descontentamento pelas políticas laborais, escoltados pela polícia que ia cortando o trânsito de uma das principais artérias da cidade, a Avenida da Boavista.

A maioria dos transeuntes aplaudiu os manifestantes, mas também houve quem se queixasse dos transtornos que o protesto causou no trânsito da cidade.

São funcionários da Brisa, da SCTP, da Câmara do Porto, Segurança Social, metalúrgicos, trabalhadores de cantinas, do sector têxtil, professores... são unânimes em dizer que «voltar atrás é que não». Não querem perder os direitos adquiridos, não querem a flexisegurança, não querem flexibilidade de horários, horas extraordinárias não remuneradas e precariedade laboral.

«Vamos deixar de ter vida pessoal e familiar»

Paula Monteiro, de 41 anos, era uma das trabalhadoras presentes no protesto. Revoltada conta que a flexibilização de horários já está a ser aplicada. «Quando não temos material, o patrão sugere que vamos embora e no dia seguinte façamos mais horas. Eu recuso sempre. Trabalho oito horas por dia. Cumpro o meu contrato», afirma. «O que vai acontecer é que quando for aprovada, vamos deixar de poder planear o nosso tempo. Vamos deixar de ter vida pessoal e familiar», conta.

Outra das manifestantes protestava em frente a um estabelecimento da empresa onde trabalha, o Pingo Doce, que fica ao lado do ministério do Trabalho. Não quis ser identificada com receio de perder o emprego, mas conta que além dos baixos salários, não recebe horas nocturnas, nem retroactivos».

A trabalhadora, de 39 anos, que trabalha na empresa há 13, afirma que a situação «tem-se vindo a degradar». Apesar de ter contrato sem termo, afirma que não sente segurança no emprego e que «se a lei passar, ainda vai ser pior».

No ponto de partida, entregaram na sede da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) a moção «É possível viver melhor», a mesma que entregaram no final no ministério do Trabalho. Pedem um aumento real dos salários. Que o salário mínimo passe para 45º euros em 2009 e 600 euros em 2013. Defendem o fim da precariedade laboral e a indexação do subsídio de desemprego ao salário mínimo nacional.

Para que o Governo ouça a vontade dos trabalhadores, a CGTP marcou já outra acção de protesto para dia 9 de Outubro, na Praça da Batalha, no Porto. «Vamos continuar a lutar», garantem.
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