7.ª avaliação da troika: Cáritas diz que «pobreza vai aumentar» - TVI

7.ª avaliação da troika: Cáritas diz que «pobreza vai aumentar»

Até ouvir as últimas explicações de Vítor Gaspar, Eugénio Fonseca acreditava que o país ia entrar num abrandamento das consequências sociais

Relacionados
O presidente da Cáritas Diocesana portuguesa, Eugénio Fonseca, manifestou este sábado «desilusão» com os últimos indicadores económicos para Portugal, antevendo que o aumento do desemprego e a austeridade vão gerar mais pobreza.

O dirigente tinha a convicção de que o país iria entrar num abrandamento das consequências sociais, porém concluiu que aquilo que ouviu do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na sexta-feira, indica o contrário.

«Estávamos nesta expectativa de que alguma coisa fosse melhor. Foi uma surpresa negativa», afirmou hoje, em Bragança, à margem do Conselho Geral da Cáritas que decorre na cidade transmontana.

«Então para que vale alargar o prazo de pagamento?», questionou Eugénio Fonseca, defendendo que aqueles que como ele pediam esse alargamento «era para não haver sobrecarga de taxas de juro, porque os juros já são escandalosos sobre a dívida, não haver mais austeridade e, sobretudo haver possibilidade para começar a haver investimento».

«Parece que nada disso vai acontecer. O que está a anunciado é mais desemprego, que, está assumido, pode ir aos 19 por cento, esses são os números oficiais porque também sabemos que o desemprego real é mais do que isso já», declarou.

Perante este cenário, o presidente da Cáritas prevê que «a pobreza vai aumentar porque tem uma relação muita direta com o desemprego» e as instituições de solidariedade social vão ter mais dificuldades em dar respostas ao número de pedidos.

A Cáritas desde há muito, segundo o presidente, que está a responder «aos mínimos», não chegando a metade da totalidade dos pedidos que recebe.

«Já não conseguimos responder a toda a gente, nem a todos os problemas daqueles que conseguimos atender», indicou, explicando que a instituição tem feito «a priorização daquilo que são as necessidades mais elementares».

«E não tenhamos ilusões: a complexidade é tão grande que nenhuma instituição conseguirá per si resolver», alertou, acrescentando que «tem de haver um trabalho em rede entre as instituições e, sobretudo tem de haver da parte do Estado, do Governo, já que vai haver maior austeridade, também um apoio maior».

O presidente da Cáritas reclamou «um reforço do orçamento do Ministério da Solidariedade e Segurança Social», de maneira a que passe a haver «uma verba específica para respostas de ação social imediata».

«As pessoas têm de estar em primeiro lugar ao contrário do que aconteceu nos últimos tempos que tem estado em primeiro lugar o défice», frisou.
Continue a ler esta notícia

Relacionados