Cimeira Ibérica: à espera da força espanhola - TVI

Cimeira Ibérica: à espera da força espanhola

Zapatero [arquivo] - Foto Lusa

Durante dois dias Portugal e Espanha vão discutir o TGV, a segurança e o ambiente

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«Ouvir o que os espanhóis têm a dizer». Esta será uma das maiores expectativas para a 23ª Cimeira Ibérica, que se realiza esta sexta-feira e sábado no Mosteiro de Tibães. Em cima da mesa estarão vários assuntos, mas os mais importantes assentam no TGV, energia e segurança.

Numa altura em que a economia espanhola continua em grande crescimento, espera-se que vários assuntos que continuam «congelados» tenham um avanço decisivo, facilitado precisamente pela força trazida por Espanha. A realização da primeira reunião do Conselho de Defesa e Segurança luso-espanhol é entendida como fundamental para a resolução de uma parceria estratégica de luta contra o terrorismo.

Cimeira Ibérica na «casa forte» de Tibães

Zapatero em campanha na Cimeira

Isso mesmo foi abordado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros Luís Amado e Miguel Moratinos, concretizando uma promessa lançada na última cimeira, realizada em Badajoz em 2006. Trata-se de uma forma de actuar já concretizada com França e Alemanha e que agora encontra um desfecho lógico. Para além do combate ao terrorismo, sabendo-se a possível ramificação da ETA para território português, os dois países procurarão encontrar soluções também para o combate ao crime organizado, imigração e tráfico de pessoas e bens.

Neste aspecto, o posicionamento diplomático relativo à América Latina, Mediterrâneo, Magreb e Norte de África, tendo em vista as migrações, será ponto de ordem. A intenção é unir esforços, segundo referiu Moratinos: «Queremos partilhar recursos humanos, diplomáticos e das embaixadas, num espírito de amizade e de relação privilegiada»

Governo em força

Segundo o programa definitivo, os trabalhos iniciam-se esta sexta-feira às 17h45, com várias reuniões sectoriais. O encontro bilateral entre José Luís Zapatero e José Sócrates realiza-se uma hora depois, seguindo-se o jantar oficial (20h). A reunião plenária de delegações foi agendada para sábado de manhã.

Segundo os últimos dados oficiais, Portugal estará representando por onze ministros (Negócios Estrangeiros, Defesa, Economia, Ciência e Tecnologia, Obras Públicas, Educação, Trabalho, Saúde, Interior, Cultura e Agricultura).

O avanço do TGV

Enquanto Portugal ainda discute pormenores de aplicação do TGV, nomeadamente a ligação ao futuro aeroporto de Alcochete (linha Lisboa-Madrid) e ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro (Porto-Vigo), Espanha continua em alta velocidade.

«A expectativa que temos para esta cimeira é ouvir o que os espanhóis têm a dizer, porque aqui nada se decide. Por vezes é difícil perceber o caminho que este Governo quer percorrer, por isso temos de aguardar», referiu Rui Moreira ao PortugalDiário. O presidente da Associação Comercial do Porto tem sido um dos mais interventivos nesta questão, pelo que admite que o Governo português poderá ir «a reboque das opções de Espanha».

E também já há expectativas espanholas, como a revelada pelo alcalde de Badajoz, Miguel Celdrán. «Os portugueses e os espanhóis estão condenados a entender-se», revelou esta quinta-feira, definindo como opções estratégicas a resolução do traçado do TGV que vai ligar à linha de alta velocidade na região da Estremadura, bem como o desenvolvimento da Plataforma Logística transfronteiriça.

Menos confiante está o presidente da Associação Industrial do Minho. «Será um crime nacional se o comboio não passar no aeroporto [Sá Carneiro]», referiu António Marques, criticando a solução de desviar a linha para a Campanhã, «só porque fica mais barato». Na sua opinião, a ligação de TGV entre o Porto e Vigo «só será eficaz» com um novo canal ferroviário até Braga e Valença.
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