Inesquecível - TVI

Inesquecível

    Pedro Bello Moraes
  • 6 mai, 14:12

Campeões já o éramos. O Sporting é há décadas campeão. O que arrepia e sempre arrepiará é o reforço da certeza da grandeza do nosso clube que é fora de série, especial. Único. É de estirpe rara o Sporting.

A nossa grandeza não se mede pelos títulos conquistados. Pelas taças levantadas. A nossa grandeza é conferida pela militância, pela entrega, pela crença, pela nossa fé no Sporting e no sportinguismo, o de cada um e o de nós todos. Essa tantas vez cantada força brutal.

Extraordinário como o aparentemente redundante lema fundacional do clube inscreve toda a nossa genética: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória.

E que gloriosa noite a que vivemos, a que se viveu no Marquês. Iluminada pela claríssima evidência de que o gigante adormecido acordou. De infindável alegria e orgulho, a noite, a festa de campeão, a consagração do dono do trono, do rei do futebol nacional, foi arrebatadora, mas, ao mesmo tempo - é assim a beleza de tudo o que é complexo e profundo-, a noite glorificante nem por isso foi menos conciliadora, apaziguadora, serena. Natural. Afinal, campeões já o éramos. O Sporting é há décadas e décadas e décadas campeão. É um dos grandes de Portugal, dizem alguns, eu digo que é o maior. 

Só uma grande, imensa força identitária como a nossa resistiria a tantas frustrações, sonhos gorados, roubos e corrupção, atentados constantes à verdade desportiva. Só um gigante como nós sobrevive, poderia sobreviver, a anos e anos de quases. Quase vencedor. Quase campeão. Época atrás de época.

Só o Sporting Clube de Portugal era capaz de aguentar as imemoriais campanhas de apoucamento da nossa grandeza lançadas por históricos rivais e pretendentes a sê-lo, sem perder a noção de que o passado não é museu mas sim identidade, capital, património, herança, legado. E não nos apoucaram porque o Sporting somos nós! Fiéis depositários de glórias antigas. Temos sido nós os portadores dessa tocha. Nunca a apagámos e sempre a alimentámos. Um clube com adeptos como nós é eterno.          

E que festa tão bonita. Inesquecível. Que sintonia entre nós, guardiães do emblema, entre nós que nos abraçámos uns aos outros, com uns e outros cantámos e nos emocionámos, forças da mesma raiz, em plena harmonia com eles, leões ao serviço do Leão. 

Tenho 50 anos e nunca vi o nosso Sporting Clube de Portugal tão poderoso. Tão unido. Com um rumo tão claro. Gerido pelas pessoas certas. Nunca vi o Sporting tão bem presidido e dirigido. Com tanto amor-próprio, assertivo, sempre dando-se ao respeito. Tudo conquistando por direito e observando o seus deveres. Um Sporting verdadeiramente leonino.

Fã de Rúben Amorim, o artífice de uma equipa demolidora, temida, respeitada, elogiada, exemplar; o obreiro, afinal, de uma verdadeira equipa feita de entrega, na qual as peças sabem o que é a responsabilidade, o compromisso, a humildade, a capacidade de sacrifício e de trabalho; a Rúben Amorim serei para sempre grato, mas ao presidente Frederico Varandas também.

Sem o nosso presidente não teríamos aqui chegado. Foi este Varandas quem trouxe Amorim, contra quase tudo e contra quase todos. Estava certo. Certíssimo. Viu o que muito poucos viram. Vislumbrou o sucesso por chegar. E estava certo. Certíssimo. Líder de gestos medidos, liberto de humores ou vaidades vãs, a presidência tem-na exercido com determinação.

Também ele porta-estandarte da imensa importância, valor e responsabilidade que o clube tem para e com a sociedade nacional, a liderança de Varandas é também ela inspiradora. Exemplo disso foi-nos dado ontem quando a desafio do nosso Paulinho, Varandas recusou discursar, optou por dar o palco aos heróis que marcam golos e evitam que os soframos. Que nos fazem vibrar. O presidente podia ter falado, eu gostaria que o tivesse feito, mas optou pelo silêncio. Liderou pelo exemplo. Sportinguista, militante, humilde, grato, rendido à grandeza do Sporting, festejou como nós. Que grande, grande clube.

O gigante adormecido acordou. Voltaremos ao Marquês muitas e muitas mais vezes. Muitas! Cimeiro. Rei. Já lá está, sempre esteve e estará o leão.    

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