Conhece o som que nenhum adulto consegue ouvir?

O «Mosquito tone» foi criado em 2005 por Howard Stapleton e foi testado em Barry, no sul do País de Gales, onde reduziu com sucesso os actos de vandalismo de um grupo de adolescentes em frente a uma mercearia local. É um pequeno aparelho electrónico que emite uma frequência irritante para a audição, mas que apenas é ouvida por jovens.

O aparelho foi lançado no mercado, em 2006, pela Compound Security Solutions,propriedade do próprio inventor do sistema. A última actualização, feita em 2008, tem apenas duas frequências: uma na casa dos 17,4 khz (capaz de ser ouvida por pessoas com menos de 25 anos de idade) e uma de 8 khz (ouvida por qualquer pessoa). Ouça aqui as primeiras frequências criadas e teste a sua capacidade de audição.

E porque é que apenas os jovens ouvem as frequências mais altas? Porque o ser humano vai perdendo, de forma natural, a sua capacidade de audição ao longo da vida. Assim que chegou ao mercado a invenção começou quase de imediato a causar polémica. E até os jovens, alvos da criação, encontraram uma forma de usar este som em seu benefício .

O «teen buzz»

Actualmente, por exemplo, os adolescentes podem fazer download do «Mosquito tone» (ou «Teen Buzz») para os seus telemóveis e ter a garantia de que, nem pais nem professores conseguem perceber a chegada de mensagens ou chamadas telefónicas aos aparelhos.

Até hoje, foram vendidos só no Reino Unido cerca de três mil aparelhos com esta capacidade de frequência. Mas logo nos primeiros meses o sucesso foi grande e nem as forças policiais resistiram a comprar o aparelho. No entanto, a maioria foi adquirida por lojistas preocupados com grupos de adolescentes que provocavam tumultos, estragos e actos de vandalismo junto aos seus estabelecimentos.

Não serão banidos

Em 2008, a Comissária pela defesa das crianças, em Inglaterra, e a Agência Nacional para a Juventude lançaram uma campanha em todo o Reino Unido contra o uso deste tipo de mecanismos, mas o Governo britânico declarou que «não tinha qualquer intenção de banir os aparelhos». O próprio criador do «Mosquito Tone», Howard Stapleton, apelou recentemente aos governos europeus para legislarem sobre a matéria, para evitar mais críticas e polémicas.

Estas instituições alegam que o aparelho fere vários «direitos humanos» fundamentais como, por exemplo, a «dignidade», porque atinge «todas as crianças, jovens e também bebés, independentemente do seu comportamento».

Mas o aparelho já conquistou um feito notável e venceu o IgNobel da Paz em 2006, um prémio que pretende premiar «uma descoberta que primeiro dá vontade de rir e depois de pensar».

Há ainda registo em alguns blogues e vídeos publicados no Youtube que acusam algumas marcas de usar estas frequências nas suas publicidades, como forma de chamar a atenção dos mais novos.

Além do Reino Unido , o «Mosquito Tone» também é vendido na Austrália, França, Dinamarca, Itália, Canadá e Estados Unidos. Mesmo sem estar à venda em Portugal, não deverá ser difícil encomendar o sistema e fazê-lo chegar a terras lusas.