Telemóveis causam cancro? Não há certezas, mas seja prudente - TVI

Telemóveis causam cancro? Não há certezas, mas seja prudente

Telemóveis  (foto LUSA)

Estudo recente apela a restrições no uso por crianças. Especialista explica cuidados a ter

Relacionados
Recorrentemente vão surgindo estudos que apontam para sinais de alarmismo relativos ao uso dos telemóveis. Uma das maiores dúvidas está relacionada com a eventual ligação entre as radiações emitidas pelos aparelhos e o aparecimento de cancro.

Ainda neste fim-de-semana, um grupo de 19 cientistas e investigadores na área do cancro publicou um novo texto, onde apelam para que sejam tomadas medidas de precaução relacionadas com o uso de telemóveis, sobretudo por crianças com menos de 12 anos.

Crianças «viciadas» em telemóvel e Internet recebem tratamento

Telemóveis provam que somos animais de hábitos

Como não existem conclusões, subsiste sempre a dúvida e a prudência acaba por ser, mesmo, a palavra de ordem, afirmou ao PortugalDiário Isabel Bravo, especialista do IPO do Porto: «Há várias investigações a decorrer e não existe qualquer evidência científica que associe as radiações electromagnéticas, ou seja de telemóveis, a tumores do sistema nervoso central ou auditivo. Por isso é que os cientistas falam no princípio de prudência, porque inicialmente parecia haver alguma relação, mas isso, de facto, nunca foi provado e não há uma evidência conclusiva».

«Estão a ser feitos vários estudos, por vários investigadores, e pede-se sempre para aplicar o princípio da prudência, nomeadamente em crianças, que são mais susceptíveis. Todos os ensaios clínicos feitos até hoje demonstraram que não há qualquer diminuição na capacidade cognitiva, nem no tempo de reacção e, mais uma vez, não há razões conclusões seguras», frisou a investigadora.

Uma das conclusões mais fortes provenientes do estudo coordenado pelo professor de Psiquiatria David Servvan-Screiber, da Universidade de Pittsburgh, é que estaríamos «na mesma situação que há 50 anos em relação ao amianto ou ao tabaco». Mas Isabel Bravo não concorda: «Hoje em dia temos métodos mais fiáveis, há muitíssimo mais investigação, porque o interesse é tremendo».

Prudência acima de tudo

Os responsáveis pelo estudo apresentam medidas radicais, apelando mesmo à proibição do uso de telemóveis pelos menores de 12 anos, excepto em caso de emergência. Talvez não seja necessário tanto, mas é certo que terá de haver sempre uma certa prudência. «Nos menores de 12 anos os sistemas ainda estão em desenvolvimento, por isso, a haver efeitos seriam mais sérios neles. Falo de efeitos não térmicos, porque pode haver efeitos térmicos, mas sem consequências», considera a médica do IPO.

Certo é que, apesar de muitos investigadores terem abraçado este desafio de provar a relação entre a utilização de telemóvel e a formação de cancro, nenhum dado aponta nesse sentido, segundo Isabel Bravo: «Há muito estudos. Houve alguns iniciais que causaram alarme, pois sugeriam uma associação, mas nunca foi comprovada. Até ao momento, não há qualquer tipo de conclusão em relação aos efeitos nocivos».
Continue a ler esta notícia

Relacionados