Há crianças de 10 anos com acesso "a pornografia e não propriamente só imagens” - TVI

Há crianças de 10 anos com acesso "a pornografia e não propriamente só imagens”

  • Agência Lusa
  • 27 abr, 10:14
Telemóveis e smartphones (Getty)

Especialista alerta pais para as implicações que há pelo facto das crianças terem um telemóvel no quarto

 A especialista em bem-estar digital Cristiane Miranda alertou este sábado que os pais devem estar mais atentos aos perigos que os jovens enfrentam na internet, relevando que há crianças com menos de 10 anos com acesso livre a conteúdos pornográficos.

“Os pais muitas vezes não têm a noção das implicações que há pelo facto das crianças terem um telemóvel no quarto”, afirmou a especialista, acrescentando: “os jovens estão a ter acesso cada vez mais cedo, e de uma forma muito livre, por exemplo, à pornografia e não propriamente só imagens”.

Estes vídeos a que os jovens têm acesso livre cada vez mais cedo – “antes dos 10 anos de idade” – “está já a trazer uma implicação ao nível dos relacionamentos entre as pessoas”, disse.

“Vai ser algo muito grave que vem aí e nós achamos que os pais estão muito distraídos no que diz respeito a isto, até porque é um tema tabu”, afirmou, frisando: “pensam que ao falar com o filho vão abrir uma caixa de Pandora, mas talvez a caixa já esteja aberta e os pais não estejam conscientes”.

Defendeu ainda que, para proteger as crianças e jovens, terá de haver “mais regulamentação e legislação mais apertada por parte das empresas tecnológicas”, lembrando que os mais jovens, biologicamente, estão mais vulneráveis porque não têm o cérebro completamente desenvolvido.

“Costumamos dizer que os pais devem ser o córtex pré-frontal dos filhos, que é aquela zona do cérebro que é a última a ser desenvolvida. Devemos fazer a nossa parte, da mesma maneira que dizemos a uma criança que não pode comer uma barra de chocolate durante o jantar, também o devemos fazer relativamente ao tempo que passam em frente aos ecrãs”, defendeu.

A especialista considerou que a resposta a estes problemas terá de ser múltipla, passando que “soluções parentais, regulamentares, educacionais e tecnológicas”.

“As soluções têm de vir de todos, mas os pais aqui têm de estar muito atentos porque têm uma responsabilidade acrescida na educação dos seus filhos”, sublinhou.

Lembrou que na conferência internacional que decorre nos dias 03 e 04 de maio na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto, este tema será abordado, “dando recursos práticos aos pais para poderem ajudar os seus filhos a gerir melhor estas situações”.

Os crimes ‘online’ têm destaque no mais recente “Relatório Anual de Segurança Interna” (RASI), cujos dados foram divulgados na última edição do jornal Expresso.

Segundo o jornal, o relatório revela a existência de investigações ao uso de plataformas de jogos ‘online’ que servem para aliciar menores de idade à produção de conteúdos pornográficos, “servindo as plataformas encriptadas para troca e armazenamento de conteúdos ilegais”, bem como “autoprodução de ficheiros de exposição sexual de menores, na sequência de atividades de ‘grooming’ [em que um pedófilo convence um jovem a despir-se ou a filmar um ato sexual] ou de coação”.

A conferência está integrada na Semana do Bem-Estar Digital, que arranca na segunda-feira, uma iniciativa inédita a nível mundial que visa promover a informação, sensibilização e educação sobre o tema, trazendo-o para a agenda pública nacional.

A Semana do Bem-Estar Digital decorre no âmbito do projeto Agarrados à Net, uma iniciativa conjunta do MiudosSegurosNa.Net, fundado por Tito de Morais, em 2003, e Cristiane Miranda, criadora do projeto Teen on Top.

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