Durante meses uma equipa médica preparou-se para este momento crucial, marcando uma nova etapa na vida das crianças. Bibiana e Domingas vivem hoje em corpos separados, mas o processo foi árduo e longo.
O dia da intervenção cirúrgica revelou-se uma prova difícil para todos os envolvidos. "Foi muito difícil: «Pensava, vai dar tudo certo, não vai? Rezei»- recorda Vitorina Silva, mãe das gémeas. A operação, que perdurou por 14 horas, exigiu não apenas perícia médica, mas também uma coragem extraordinária das meninas e da família
Após a cirurgia, as crianças enfrentaram uma nova realidade. Separadas fisicamente, tiveram de permanecer internadas por seis longos meses, saindo do hospital apenas em dezembro. Este período de adaptação não foi fácil, sendo marcado por desafios emocionais e psicológicos.
A mãe, Vitorina Silva, partilha a intensidade da separação: "A que mais sentiu a separação foi a Bibiana, foi a que acordou primeiro e ficou a olhar para a irmã Domingas. Estava muito chateada, não queria falar com ninguém, nem comigo".
Conscientes do impacto emocional, as meninas receberam apoio psicológico nos meses seguintes à cirurgia. A superação do choque emocional e a adaptação à nova realidade foram fundamentais para o seu bem-estar atual.
A amiga da mãe das gémeas, Cristina Campos, descreve Bibiana como a "gémea dominante", enquanto Domingas era considerada "a gémea mais frágil, magrinha, fraquinha". O receio da mãe e de Cristina era evidente, ambas temiam pela sobrevivência de Domingas durante a operação.
No entanto, Domingas surpreendeu tudo e todos: «Foi a primeira que acordou, que se levantou e se desenvolveu. Hoje está quase a andar» - recorda a amiga da mãe, Cristina Campos.
Este progresso é atribuído, em parte, ao estímulo constante e à fisioterapia, uma fase crucial na aprendizagem e evolução das gémeas. Vitorina Silva relembra: "Elas nunca tinham andado, não tinham músculo nas pernas".