Prémio Nobel teme atentado

O escritor turco Ohran Pamuk, Nobel da Literatura em 2006, suspendeu uma viagem à Alemanha porque, segundo informações difundidas por diversos «media», teme ser alvo de atentados de nacionalistas turcos, refere a Lusa.

Uma porta-voz da editora Hanser informou que Pamuk cancelou a viagem sem adiantar razões, mas é admitir que a sua decisão tenha que ver com as ameaças que recentemente lhe dirigiram os presumíveis autores intelectuais do assassínio do jornalista turco-arménio Hrant Hink.

A editora, segundo a porta-voz, lamenta a decisão do escritor mas compreende-a e espera que a viagem possa realizar-se noutra altura.

Pamuk, em contencioso com a justiça turca por falar do massacre perpetrado contra os arménios durante o Império Otomano, apontou como responsáveis da morte de Hink os defensores de um artigo do código penal que tipifica como delito «a humilhação do Estado e da idiossincrasia turca».

«Dink - disse o escritor - foi assassinado por ideias que o nosso Estado não aceita».

O presidente do PEN Club alemão, Johann Strasser, exprimiu a sua compreensão pela decisão de Pamuk de cancelar a viagem, considerando serem de tomar a sério as ameaças dirigidas ao escritor.

Recordou, a propósito, que, entre os turcos residentes na Alemanha, há também militantes nacionalistas.

Pamuk deveria receber o doutoramento «Honoris Causa» da Universidade de Berlim na sexta-feira e participar em colóquios sobre a sua obra em Berlim, Colónia, Hamburgo, Estugarda e Munique.

O autor de «Jardins da Memória» foi galardoado em 2005 com o Prémio da Paz dos livreiros alemães.