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Venezuela : portugueses têm medo de sair à rua

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Pelo menos 8.400 pessoas foram assassinadas na Venezuela, durante os fins-de-semana entre Janeiro e 15 de Novembro de 2008

A crescente insegurança e os temores de que as noites «são perigosas» são circunstâncias que estão a forçar a comunidade portuguesa a mudar os seus hábitos quotidianos, a reduzir as noitadas ao estritamente necessário, em locais seguros ou clubes lusos.

Pelo menos 8.400 pessoas foram assassinadas na Venezuela, durante os fins-de-semana entre Janeiro e 15 de Novembro de 2008, segundo dados divulgados esta terça-feira por Rafael Narváez, activista dos Direitos Humanos.

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A maioria dos assassínios são por resistência aos assaltantes ou circunstâncias relaciodas com assaltos à mão armada.

«Todos os dias alguém conta coisas que se passaram com alguém conhecido, a um vizinho ou familiar. Dantes, eram coisas que aconteciam em urbanizações por onde só ocasionalmente passamos mas, ultimamente, são de sítios por onde andamos diariamente. Há que precavermo-nos muito», explicou Margarida Andrade, 40 anos, à agência Lusa.

Casada e com dois filhos adolescentes, tinha por hábito ir «jantar em família, a um restaurante, pelo menos uma vez por semana», uma tradição que já reduziu para uma vez em cada três semanas, optando por permanecer mais tempo em casa e por sugerir aos filhos que convidem os amigos para ir até ao seu apartamento, «o que nem sempre é fácil, porque os jovens gostam de sentir-se livres».

Saídas reduzidas ao máximo

Com 23 anos e técnico em informática, o luso-descendente Daniel Vasconcelos, está também a mudar os seus hábitos. Por duas vezes tentaram roubar-lhe o carro, um Toyota Machito com tracção ás quatro rodas, ao cair a tarde. As histórias que ouve de sequestros e assaltos que aconteceram a outros causam-lhe medo.

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«Antes, até há uns dois meses, às sextas-feiras, depois de trabalhar, saía com um grupo de amigos. Íamos até Las Mercedes, tomávamos umas cervejas e depois regressava a casa. Agora optamos por nos reunirmos uma vez por semana no estacionamento do edifício onde vivo. É fechado e mais seguro», disse.

Manuel Gonçalves, 60 anos, está preocupado com o número de assassínios por resistência aos assaltantes. Diz que alguns dos seus amigos «foram assaltados, outros sequestrados e alguns tiveram que ir ao caixeiro (Multibanco) e entregar dinheiro».

«Conheço uma pessoa a quem roubaram o carro e depois telefonaram-lhe a pedir um pagamento para o devolver. É cada vez é mais perigoso sair. Agora, vou do trabalho para casa, sempre por caminhos diferentes, e ao Centro Português - e mesmo assim, à saída do clube, olho para ver se me estão a seguir», disse.

A insegurança, que afecta venezuelanos e estrangeiros que vivem na Venezuela, está também a mudar os sentimentos das pessoas, que passaram a ser mais reservadas e cuidadosas quando andam a pé pelas ruas e avenidas.

«Quando começa a anoitecer, algumas ruas parecem desertas. Se estamos a passear e alguém vem na nossa direcção, trocamos de passeio. Quando o lado mais seguro é por onde vamos, não tiramos os olhos de quem vem. Por vezes, vamos mesmo para o meio da rua e já nem damos as boas tardes ou boas noites», explicou José Freire.

«Há dias, anoitecia e apareceu um jovem com t-shirt branca, que queria um cigarro - e eu pensei que era um malandro (delinquente). Há duas semanas dois adolescentes tentaram tirar-me a carteira e o telemóvel perto do Teatro La Campiña. Safei-me porque parou um carro ali e eles assustaram-se», disse.

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