Manuela Ferreira Leite reafirmou, esta segunda-feira, a posição que já tinha tomado a 24 de Junho de 2009, numa entrevista à Sic Notícias, horas depois de José Sócrates ter afirmado no Parlamento que não tinha conhecimento do negócio PT/TVI.
«Claramente [Sócrates] tinha de conhecer o negócio. Tenho a certeza absoluta que não estava a falar a verdade. Porque isso não é crível. [O Governo] tem uma goldenshare para quê? Para intervir em implicações que têm a ver com a empresa. E esta era uma opção estratégica, ainda por cima para comprar uma televisão que é uma concessão do Estado», afirmou, acrescentando que «era tão necessário saber qual era a posição do Estado nessa fase que o negócio acabou por ser vetado».
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Ferreira Leite só soube pelos jornais
Para a ex-presidente do PSD, é «inverosímil» acreditar que o primeiro-ministro nada sabia.
«É evidente que o primeiro-ministro tinha de conhecer o negócio. No dia 23, não me vão dizer que Sócrates não leu os jornais. A um primeiro-ministro não se pode falar de conhecimentos formais ou informais. Nem sequer teve o interesse de perguntar ao ministro ao lado [Mário Lino] se ele sabia de alguma coisa?», ironizou, lamentando: «Estamos aqui a tentar contar histórias da carochinha...»
Para justificar as suas palavras, Ferreira Leite sustentou-se na «falta de consequências» do alegado não conhecimento do negócio. E, mais tarde, nas escutas.
« Se [o Governo] não soubesse nada, não tinha demitido nenhum administrador? A goldenshare da mesma forma que nomeia, desnomeia. Então os administradores tomam uma iniciativa própria, não levaram o assunto ao conselho de administração, não avisaram o primeiro-ministro e continuam lá, provavelmente com prémios ao fim do ano?», questionou.
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A social-democrata «pressentiu» que «algo não estava bem» no negócio quando Sócrates disse que nada sabia: «O que se estava a encobrir é que fazia levantar a suspeita de que algo não era transparente.»
«Este facto levou-me a pensar por que é que uma pessoa não diz a verdade. Tem sempre um motivo qualquer. O natural é que diga a verdade. Por que é que o primeiro-ministro disse que não conhecia? Obviamente tinha de conhecer», reforçou.
Ferreira Leite criticou ainda que o Governo se tenha oposto ao negócio «invocando a imagem pessoal» [de José Sócrates] para evitar «um negócio que era bom para a empresa».
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