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O novo PS ergue o punho contra o Governo

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O rosa virou vermelho, Soares regressou e há nova banda sonora. Está consagrado o novo líder. Agora é hora de fazer oposição a Passos, já que a interna ficou só a cargo da cadeira vazia de António Costa

O novo Partido Socialista foi consagrado no congresso de Braga. Sem José Sócrates, mas com Mário Soares, António José Seguro recuperou o punho e começou a «mudar» o partido, desde logo com a eleição da primeira mulher presidente, Maria de Belém.

A rosa, símbolo máximo da anterior liderança, desapareceu. A nova cor é o vermelho, embalado por uma banda sonora também estreante. O «Gladiador» de Sócrates deu lugar à música da série «Norte e Sul», que, segundo fonte socialista disse à Lusa, foi escolhida por evocar «a defesa dos valores da dignidade humana».

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«Iniciativa, diversidade, inovação, direitos humanos, paz, equidade, humanismo, progresso e coesão». São os tais valores, que se liam por todo o Parque de Exposições de Braga, distrito pelo qual Seguro foi eleito. O lema, repetido por várias figuras do partido, é mostrar que «o país não são só finanças». O novo slogan é, aliás, «As pessoas estão primeiro».

Esta é a forma de marcar a diferença com o Governo, mas não só. Da «receita» também faz parte o distanciamento das medidas do Executivo de Passos Coelho, porque os socialistas garantem que aumentar os transportes e o IVA da luz e do gás e criar uma sobretaxa extraordinária não estavam no memorando da troika, que assinaram. São antes, e na voz de Seguro, «opções» e «escolhas» da maioria PSD-CDS.

O secretário-geral, aclamado por todos, até pelo ex-adversário nas directas, Francisco Assis, que pôs de lado as divergências para assumir um discurso de unidade, reclama a si um discurso mais à esquerda, acusando a direita de «desconfiar das pessoas» e o primeiro-ministro de «ameaçar» os portugueses «que ousarem manifestar-se ou exprimir-se livremente». Palavras que antecipam a compreensão socialista de uma turbulência social que se adivinha nos próximos meses.

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E, para mostrar que neste novo PS também há lugar para os «velhos» valores, Seguro teve ao seu lado Mário Soares na sexta-feira (um regresso aos congressos, 25 anos depois) e Manuel Alegre no sábado, com um discurso a «rasgar» completamente com o capitalismo em geral e com os partidos à direita em particular.

Num pavilhão demasiado grande para os poucos delegados presentes (e ainda menos militantes), ao todo foram 220 os socialistas a querer falar, sob a «ditadura» de Maria de Belém, que tocava no microfone a cada três minutos passados, para evitar uma madrugada prolongada. Passou o teste, diga-se.

Vozes dissonantes não se ouviram muitas. O fundador Edmundo Pedro, numa intervenção emocionada pelo peso dos seus quase 93 anos, ainda criticou o «unanimismo estéril» criado à volta de Sócrates, mas do presente só mesmo António Costa fugiu. Quase literalmente.

O presidente da Câmara de Lisboa saiu de uma entrevista no TVI24 quando António José Seguro se sentou e acusou o líder de procurar a «intimidade» dos jornalistas para se «distinguir» de Sócrates. A cadeira vazia de Costa em directo foi o que mais se viu de oposição interna.

Sem surpresas, a moção de Seguro foi aprovada com quase 3/4 dos votos. Já na Comissão Nacional «cedeu» mais lugares à lista concorrente, de Francisco Assis, que assegurou 71 mandatos. A polémica está «encerrada», garantiu o derrotado.

O congresso terminou com um discurso já com as baterias apontadas a um futuro Governo, que o líder acredita que irá regressar para mãos socialistas em 2015. Mais Europa, mais ética e uma oposição «construtiva»: são estas as promessas de Seguro para tomar o lugar que agora é de Passos Coelho.

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