O investigador António Coutinho, a quem esta semana foi atribuído o prémio Universidade de Lisboa, considerou errada a imagem negativa que muitos investigadores portugueses no estrangeiro têm do sistema científico nacional e salientou que «os melhores estão a voltar».
«Os portugueses que estão no estrangeiro, e alguns que eu conheço, têm uma ideia muito má da situação actual em Portugal e acham que as coisas estão a um nível diferente do que de facto estão. Há muita falta de informação, mas posso garantir que os melhores estão a voltar, principalmente os jovens», salientou à Lusa o director do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e vencedor do Prémio Universidade de Lisboa 2007.
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Ciência: portugueses não querem regressar
As declarações de António Coutinho surgem depois de um estudo do Instituto de Ciências Sociais (ICS) revelar que cerca de 45 por cento dos investigadores portugueses a trabalhar no estrangeiro não tencionam voltar a Portugal a médio prazo devido à «falta de oportunidades de emprego» e de «progressão na carreira».
Segundo o mesmo estudo, apenas 43 por cento dos 521 inquiridos, na maioria estudantes de doutoramento, tenciona regressar a Portugal, para «contribuir para o desenvolvimento do sistema científico e do país», por «razões familiares» e pela «qualidade de vida».
Em declarações hoje à Lusa, António Coutinho sublinhou por seu lado que os números relativos aos programas de doutoramento que o IGC desenvolve apontam para uma «taxa de retorno [de investigadores] de mais de 60 por cento».
«As pessoas que estamos a trazer são pessoas que têm ofertas muito boas em outras partes do mundo e não é por não terem outro sítio para onde ir que vêm, mas porque querem voltar para ajudar para a recuperação nacional», afirmou. «Há mais de 20 anos que Portugal está a fazer um esforço significativo para renovar e reforçar a ciência», disse.
Cientista e investigador premiado nacional e internacionalmente, António Coutinho surge no ranking do «Science Citation Index» como um dos 100 cientistas mais influentes no mundo ao longo dos últimos 20 anos.
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